- Não é a primeira nem a segunda vez que o fazes. Aliás, a primeira vez deve ter sido há uns 10 anos atrás, quando precisaste de esterilizar biberons e chupetas, e à falta de algo melhor, colocaste-os num tacho, com muita água, até que esta fervesse. Mas esqueceste-te deste feito.... e só umas horas mais tarde, quando regressaste a casa com a criança e as compras da semana, notaste o cheiro... e o resto de chucha esturricado no fundo do tacho - Depois disso, é com algum orgulho que podes adicionar à lista de coisas esturricadas no fundo de tachos ou panelas: ovos, carne, ou diversos. Sempre com o mesmo resultado: água fervida até mais não, o produto lá dentro desaparecido com o calor, o tacho com o destino no lixo.... não se aproveita nada (e o Ikea agradece!) - chegas a casa num sábado, irritada, desesperada, cansada por as coisas não correrem como previsto. Apetece-te algo devidamente calórico, para equilibrar as energias - e planeias um lanche composto de batatas fritas e ovo estrelado. Preparas tudo, mas não te sentes mais calma. Enquanto o óleo aquece, decides-te por um banho de imersão (logo tu, que és adepta dos duches!). Quando, finalmente, resolves sair do "spa caseiro", reparas num cheiro e fumo estranho, por toda a casa. Entras na cozinha e constatas que a fritadeira está a arder. Assim como os móveis à volta do fogão, o microondas, e mais algumas coisas que não percebes bem o que seja. Passas o resto do fim-de-semana a caiar a cozinha e a contatar carpinteiros, para refazarem o que ficou danificado. - apetece-te umas torradas. Nem és muito dada a estas gulodices (sobretudo no verão), mas pronto, apetece-te umas torradas! Vais buscar a torradeira, preparas o lanche.... e vais à tua vidinha. Até o quadro ir abaixo, tu sentires um cheiro estranho, ires à cozinha e veres labaredas a sairem torradeira fora. Acabas por, infelizmente, não consumir as torradas (reduzidas a carvão de pão) - tens um cabelo com restos de afro (não conheces nenhum ascendente teu que tenha descendência africana, mas a carapinha do teu pai não engana: há genes afro na tua pessoa). Entendes que és mais teimosa que o teu cabelo e que o hás-de domar, custe o que custar (mas sem grandes custos no cabeleireiro). Decides tentar esticá-lo, mas o tempo corre - por isso, ligas o secador no máximo. Até que decides parar com a sessão quando te cheira a queimado e restos de cabelo esturricado caem pelo chão e aparecem, do nada, agarrados ao secador.
Eu até poderia atribuir um lado mais astral a esta tendência pelas chamas - mas dado que o meu signo e o meu ascendente são mais ar e terra... porquê esta ligação tão constante ao fogo?
Para
quem não sabe, o algoritmo é uma sequência finita, ordenada e sequencial de
passos (ou objectivos), cujo esquema de processamento leva à realização de uma
tarefa. A nível de informática, o algoritmo apresenta-se como uma pesquisa
binária (if / if not) cujo objectivo é a resolução de um problema e a
consequente conquista de sucesso. Há uns
dias, em conversa de amigas (mulheres entre os intas e os entas) e sobre a
aparente dificuldade dos homens em nos perceberem, apercebi-me que nós,
mulheres, pensamos basicamente de 2 formas diferentes. Que, por sua vez,
poderão ser subdivididas em 2 nuances (que aos olhos de terceiros farão toda a
diferença) e assim sucessivamente. Em termos práticos, e já que (diz o senso
comum) o homem pensa de forma binária (sim/não, agora/depois….), então nas
relações com as mulheres (o género considerado mais complicado) os homens
deveriam aproveitar e tentarem perceber-nos de uma forma puramente algorítmica.
Exemplos práticos
Tu,
homem, consideras uma possível relação com ela. Tens de pensar:
a.Ela procura uma relação
i.Ela procura uma relação contigo
1.Ela procura uma relação contigo mas ainda não te
conhece suficientemente
a.Vais ser tu mesmo e deixar que ela decida se
quer ter uma relação contigo
b.Vais fingir ser outra pessoa e deixar que ela
decida se quer ter uma relação contigo
2.Ela procura uma relação contigo (vocês já se
conhecem há tempo suficiente)
a.</html> *
ii.Ela não procura uma relação contigo
1.</html> *
b.Ela não procura uma relação
i.Vais tentar mudar-lhe a opinião
1.Vais ser tu mesmo e deixar que ela decida se
quer ter uma relação contigo
2.Vais fingir ser outra pessoa e deixar que ela
decida se quer ter uma relação contigo
ii.Não vais tentar mudar-lhe a opinião
1.</html> *
Sobre
brinquedos e novas alternativas sexuais
a.Ela já experimentou
i.Ela quer experimentar novamente
1.Ela quer experimentar novamente, contigo
2.Ela quer experimentar novamente. Mas não contigo
ii.Ela não quer experimentar novamente
1.</html> *
b.Ela não experimentou
i.Ela quer experimentar
1.Ela quer experimentar contigo
2.Ela quer experimentar sem ser contigo
ii.Ela não quer experimentar
1.</html> *
Sobre
o início de relação
a.Ela mostra muito interesse
i.Ela quer assumir-te já como namorado
1.Tu estás com o mesmo entusiasmo que ela. </html>
*
2.Tu não estás com o mesmo entusiasmo dela
a.Finges que estás com o mesmo entusiasmo dela,
para a manter
b.Mostras-lhe que não estás com o mesmo entusiasmo
/ vontade em assumir seja o que for
i.Ela aceita. </html> *
ii.Ela não aceita
1.Ela mantém a relação
2.Ela acaba com a relação
ii.Ela não te quer assumir já como namorado
1.Tu aceitas
2.Tu não aceitas
a.Tentas mudar a atitude dela, mostrando uma
aparente indiferença
b.Tentas mudar a atitude dela, revelando uma
obsessão constante, ligando a cada 2 mins, enviando flores para o local de
trabalho, colocando no face declarações públicas de amor….
b.Ela não mostra muito interesse
i.Tu aceitas. </html> *
ii.Tu não aceitas
1.Tentas mudar a atitude dela, mostrando uma
aparente indiferença
2.Tentas mudar a atitude dela, revelando uma obsessão constante, ligando a cada 2 mins, enviando flores para o local de trabalho, colocando no face declarações públicas de amor...
* fim de questão. Assunto arrumado.
Questões práticas:
User– tenho de seguir mesmo estes passos / sequências?
Não posso saltar opções?
Mau Feitio – poder pode. Mas lembre-se que isto é como com
computadores. O facto de não respeitar os comandos e programação pré-definida
poderá resultar em erro, bloqueio do sistema e, em casos mais graves, perda
irremediável de dados ou mesmo a formatação total do sistema operativo.
User – todas as mulheres funcionam de igual forma?
Mau Feitio – pergunta não muito inteligente. A nível
informático, os diversos programas têm a mesma utilidade / funcionam de igual
forma? Não, pois não? Cabe ao utilizador estudar previamente que tipo de mulher precisa / procura.
User – mas no que é que este sistema de algoritmos
beneficia a minha relação com mulheres?
Mau feitio – ajuda-o a entender que, para cada acção sua,
há 2 soluções possíveis. Que por sua vez, se podem subdividir em 2, cada uma, e
assim sucessivamente. E que o resultado pode ser o desejado... ou não! :)
Nós, mulheres, temos a fama de sermos muito complicadas. De nunca sabermos o que queremos, de quando dizemos sim significa que, na realidade, estamos a ponderar um "talvez" ou um "duvido", de baralharmos a ligação entre o que sentimos e o que dizemos - e com isso confundirmos o "desgraçado" do interlocutor que espera a resposta pedida.
Mas, na verdade, o que queremos é que vocês saibam aquilo que nós procuramos. Se depois podem/querem ou não oferecer.... isso já é outra história.
Já que hoje se comemora o Dia do Pai, há que aproveitar a data para fazer uma "reclamação". Ao meu pai (à minha mãe, que também foi cúmplice), e a todos os pais que, como o meu, seguem ou seguiram o mesmo caminho, sem se preocuparem com o futuro dos filhos e nas consequências que isso pode provocar. Falo dos bons princípios e dos bons exemplos. Os meus pais sempre foram fortes entusiastas do que, para eles, é uma boa educação. Com bons princípios, com boa fé, com o benefício da dúvida... e sempre fizeram questão que eu os seguisse. Sempre me ensinaram a acreditar nas pessoas, a ver o lado bom das mesmas, a ser ambiciosa qb, a não prejudicar (pelo menos intencionalmente) o próximo, etc etc. Ora eu, que até fui boa aluna, aprendi a seguir estes princípios. E, com isso, volta e meia dou por mim a quase chumbar nas provas do quotidiano. Porque fui tão bem preparada na infância que agora, na fase adulta, por vezes não me sei defender convenientemente (não estou formada ou formatada para tal). Porque eles me quiseram educar tão bem que acabei por ficar mal educada. Seja a nível profissional ou num patamar mais pessoal, dou por mim a não conseguir utilizar o calculismo, o cinismo e a hipocrisia necessários para sobreviver - e vencer a batalha a que me candidato. Ainda me espanto como há pessoas que não olham a meios para atingir os fins - e quase que invejo essa postura fria!; admiro verdadeiramente os que conseguem subir na vida sem qualquer escrúpulo; fico estarrecida com o à-vontade com que pessoas usam e abusam de outros.. só porque lhes apetece ou convém naquele momento. O que não me espanta tanto é verificar que, por vezes (muitas mais do que seria suposto, de acordo com a educação dos meus pais), essas mesmas pessoas conseguem aquilo que eu nunca conseguirei. E que se realizam, ao passo que eu me frusto com as não-vitórias. Por isso, lamento informar-te pai, mas neste aspeto foste um "mau educador" :). Educaste-me bem demais, foste demasiado bom tutor no que respeita a uma empatia emocional que não se adequa à sociedade dos nossos dias, não me preparaste para a vida. Que numa próxima encarnação, isso não se volte a repetir! :)
Um feliz dia do Pai para todos os Pais (e para todas as mães que fazem o papel de pai) - com especial destaque para o meu!
Desde que me lembro de ser gente que a música faz parte da minha vida. Através da aprendizagem de música durante mais de 6 anos, através da ginástica (rítmica, que a música é sempre necessária para servir de base), através dos tempos livres..... sempre fui fã de música e de dança.
Durante muitos anos fui também autêntico pé-de-chumbo, tinha vergonha em soltar-me através da dança, A kizomba, nesse sentido (e antes disso a zumba), veio ajudar e muito a deixar para trás o complexo... e a permitir que o corpo se expressasse por meio das notas musicais. É certo que a educação que tive (e a personalidade que ainda tenho) me fizeram conter este gosto por dançar e celebrar a vida através da música. Mas inquestionável é também a forma como mudamos com o passar dos anos, e passamos a seguir mais o instinto e menos o preconceito que teima em formatar a nossa mentalidade.
Por isso, há um ano atrás (mais coisa, menos coisa), um amigo dos tempos da secundária falou-me na biodanza. Que é algo do género "dançar a vida", que ele estava fã desta expressão, e que iria haver uma aula aberta na praia, gratuita, e que era a oportunidade perfeita para eu experimentar.
Dançar? Na praia? Gratuitamente? Encantada da vida! E lá fui eu experimentar essa coisa da "bio-dança"...
Confesso que ao princípio estranhei. Aliás, ao princípio, durante e no fim. Achei aquilo um pouco pró estranho. O pessoal dança.... muito dado, há que deixar o sentimento vir ao de cima, as pessoas tocam-se e revelam-se a estranhos, o facilitador vai dando orientações de uma forma muito.... espiritual (confesso que pensei várias vezes "huummmm.... este pessoal andou a fumar coisas estranhas""), e eu ponderei várias vezes "o que é que estou aqui a fazer???".
Mas a verdade é que, 3 horas depois, me sentia bem. E mais de um ano depois, não esqueci aquela experiência.
Há uns meses atrás, um outro amigo que reencontrei voltou a falar-me da biodanza. De como ele faz, há anos que o faz, que mal não faz.... e que eu deveria voltar a fazer. E eu, que para dançar não preciso de grandes argumentos, lá pensei "e porque não?".
Voltei a experimentar há umas semanas. Levei uma amiga (que não conhecia e que ficou fã), e lá fui, para 2 horas de baixa-expetativa (lá vou eu dançar de forma estranha, com gente estranha, e fingir estranhamente que estou num patamar de espiritualidade muito acima do real).
Lições?: 1) ainda bem que fui sem expetativas, adorei a aula. 2) há lá gente de todas as raças, credos e idades. E não exagero quando digo que estava lá um senhor na casa dos 70 / 80, com quem dancei, e que me fez pensar "ai que ele tem fôlego para isto e eu não, que vergonha, vou ter um avc porque não consigo acompanhar um "avozinho". 3) ao princípio estranhei (outra vez) as pessoas todas sorrirem para estranhos ou conhecidos. E de repente, sem que nada o previsse, também já eu me ria, sem qualquer complexo ou preconceito associado. 4) a biodanza faz transpirar!!! Pareceu-me quase uma aula puxada de zumba (que saudades!!!). 5) ficou o bichinho, a vontade de voltar a uma aula destas. E a outra e a outra....
Mas o mais curioso aconteceu hoje.
Fui ver um espetáculo de bailado no Teatro Camões, onde no fim os bailarinos vêm à plateia buscar vários espetadores para os acompanhar numa dança. Se fosse há alguns anos atrás, eu teria ficado incomodada e até mesmo surpreendida com o à-vontade de algumas pessoas (não-bailarinas, penso eu) em cima do palco. Mas hoje, a ideia que me veio à cabeça, face à alegria e à-vontade dos presentes em acompanharem os bailarinos, foi que, de repente, eu estava numa aula de biodanza. Com todos a dançar, sem complexos ou atitudes por aí além, a sorrirem e felizes com o momento que vivenciaram.
Pois é.
Eu, musicodependente me confesso. Dançodependente me assumo. Sinto-me já kizombeira, rockeira ou outro tipo qualquer de bailarina (venha a música, é o que é!)... mas R e G,, parece-me que não estou longe de me tornar numa também "biodanzeira"!
(foi esta a música que dancei com o senhor dos entas e muitos... Respeito pela energia dele, que põe a minha a um canto ainda antes de o Freddy chegar ao 1º refrão!)
Fui incutida do
bichinho do teatro nos tempos em que ainda era teenager (grande Quinhones*, que
tanto ensinaste!!). Fui incutida de tal forma que passei a seguir
desenfreadamente tudo o que seja artes do espetáculo – e só não enveredei, nos
tempos estudantis, por produção ou encenação ou algo do género porque… pronto,
porque “não seria uma coisa estável”.
Adiante.
Com filhos a cargo,
ficou muito mais fácil (e justificável) alimentar o bichinho do teatro e do
espetáculo. Desde que eles são gente que não há mês que não os leve (me
leve) a uma peça de teatro infantil, bailado, musical, concerto…. E eles também
já ficaram “viciados” nesta arte. Já pesquisam, procuram, mostram interesse pró-ativamente,
adoram que na escola ou no atl lhes apresentem programas com idas a peças ou
musicais… Aliás, inscreveram-se mesmo na Orquestra Geração com o intuito de,
não tanto aprenderem um instrumento musical, mas sobretudo ante a possibilidade
de terem, mensalmente, concertos e apresentações onde participar.
O puto, p.ex, a
semanas de completar a primeira década de vida, continua com o mesmo desejo
desde os seus 4 / 5 anos: quando for grande quer ser Apresentador…. de circo.
Não é ser futebolista (mal sabe chutar uma bola, quanto mais!), não é ser
médico, não é ser polícia. É ser apresentador de circo. E se lhe pedimos uma
justificação por esta escolha, a resposta dele anda entre a emoção de montar
uma tenda de circo (passa horas a ver, no youtube, montagens de palcos e
circos), e o acompanhar e apresentar um espetáculo, debaixo das luzes e em
frente a muitas gentes.
Já ela, um ano mais
nova, é a rainha do drama. É menina e feminina, adora tudo o que seja cantorias
e musicais e músicas e danças (a Violetta também tem a sua quota-parte de
culpa, há que admitir). Passa horas com um microfone (muitas vezes imaginário)
na mão, a cantar, a ensaiar coreografias, a exigir a atenção que uma artista
merece e consegue. E revela, cada vez mais, o seu lado dramático. De diva,
quase. Ultimamente, não há dia nenhum (e eu não estou a exagerar) que,
sentindo-se contrariada (temos pena, mas as coisas nem sempre correm como
queremos), não se atira para o chão, chora desalmadamente, grita por socorro…. Faz
um drama por nada.
Os dois são extremamente
cúmplices neste gosto. Conseguem estar horas a experimentar as várias perucas
que existem lá por casa, a testar novos cenários, a ensaiarem peças e concertos
para apresentar a quem lá for a casa. E, nos intervalos (ou quando amuam um com
o outro), lá me dão dicas para irmos ao cinema, ao teatro, ou algures onde se
possa ouvir “luzes, câmara, ação”.
Da minha parte, ainda não desisti do sonho em aprender um pouco mais sobre Argumento ou Produção. Até lá, vou marcando na agenda coisas boas como estas:
Para estes dias
Para julho
Para outubro:
* Eduardo Quinhones, aka Eduardo Silveira - ator de teatro dos anos 60 / 70, meu professor de teatro no início dos anos 90 e mestre na arte de ensinar a valorizarmos a vida. Saudades!!
Para os mais dados à
intuição, à espiritualidade ou à religião, faz todo o sentido considerarem que
todos nós temos um sexto sentido. E que, no caso das mulheres (não sei porquê,
sinceramente), é particularmente aguçado e desenvolvido.
Ora eu, que até tenho
uma certa curiosidade pela espiritualidade, acredito que todos temos um sexto sentido…
mas que nem sempre aponta para o sítio correto. No meu caso concreto, e mesmo
sendo mulher (supostamente com sentido apurado, amplificado, blablabla), sou
geminiana, portanto devo ter 2 sextos sentidos. Que em conjunto, ao contrário
de se transformarem numa equipa e lutarem pelo mesmo objetivo, não – medem forças
diariamente e acabam por se anular… e depois eu que me aguente.
Exemplos?
Chego a um sítio e
sinto um ambiente estranho – tóxico, até. As pessoas agem aparentemente com
normalidade, mas o meu “sexto sentido A” dispara sinais de alerta “cuidado,
cuidado, algo aconteceu ou está para acontecer”. Como eu sou do contra por
natureza, ignoro os primeiros sinais e procuro ouvir o “sexto sentido B”. Que,
sendo ele um despreocupado de primeira (para contrastar com o outro), anuncia a
alta voz “preconceito a caminho, preconceito a caminho, não sejas assim, que
mania da perseguição”. E eu lá decido que sim, estou a ser preconceituosa e com
o complicómetro em alerta máximo, que tenho de abafar o sexto sentido A (afinal
ele não tem muito tino), e…. espanto-me, momentos depois, com a discussão acesa que rebenta… e que me
envolve diretamente, sem que eu estivesse previa ou mentalmente preparada.
Depois de uma discussão
(pode ser a de cima), fica aquele clima meio estranho. E eu até quero manter o
contacto com quem discuti, sanar as diferenças, esclarecer as coisas. Tento uma
nova aproximação… e do outro lado não há a resposta imediata que eu desejava
(parece aqueles inícios de relações, em que um está sempre mais afim que o
outro, e sofre e desespera e faz todo um drama por nada!). O meu sexto sentido
A conclui logo que “uma não-resposta já é uma resposta! Chuif!”. E eu, que não
quero admitir que este lado possa ter razão, peço logo opinião ao sexto sentido
B, que me sussurra “calma, lá estás tu com os preconceitos do costume, se não
respondeu é porque ainda não pôde….”
Resultado desta
dualidade de sentidos? Fico eu à deriva, à beira de um drama de emoções, sem
perceber se o meu sexto sentido é bipolar ou se sou eu que sofro de excesso de sentimento
(e ideias, e imaginação e maluquice pegada).
Por isso acredito que
há sextos sentidos sim… mas que, no meu caso, não beneficia em nada. Mais do
que um é demasiado para a minha sanidade mental.
Da última vez, tinha prometido que isto não voltaria a acontecer.
Tinha ficado tão magoada que só me apetecia ficar de pantufas, a rastejar os pés, a esperar que a dor passasse.
Mas há dias, num passeio inocente pelo centro comercial, dei de caras com ELE.
Quando o vi, fingi que nem reparei. No estilo dele, na postura semi altiva, naquele jeito quase insolente. Passei, olhei-o de lado, e toca a andar como se nada se passasse.
Mas já estava fisgada, eu. Não resisti e olhei para trás. O "desgraçado" continuava ali, a sorrir, a olhar de volta, a pôr-se a jeito.
E eu comecei logo a divagar num futuro juntos. Que vestido comprar para a primeira saída. Que roupa vestir sempre que estivesse com ele (ele merece que eu esteja sempre irrepreensível, afinal o o género dele impõe uma imagem à altura!). O que as minhas amigas diriam quando o conhecessem. Será que me iria magoar, como o último?
Não faz o meu género, confesso. É demasiado.... "estiloso" para o meu próprio estilo.
Mas também... dizem que os opostos se atraem, certo?
Tentei resistir-lhe.
E desde então que não consigo deixar de pensar nele.
Acho que vou pôr o meu orgulho de lado... e amanhã voltarei ao shopping, para ver se ele lá está.... e se se quer "encaixar" na minha vida.
Há muitos, imensos,
variados, inúmeros tipos de vícios. Do álcool ao tabaco, ao trabalho, ao sexo,
às anfetaminas, à preguiça, ao chocolate, aos químicos e outros pozinhos mágicos.
Não há ninguém que seja imaculado e nunca tenha experimentado nada
passível de viciar – e danificar o organismo (e por vezes a própria vida),
quando consumido em excesso.
Mas além destes vícios
(mais ou menos tolerados e mais ou menos conhecidos da sociedade), há outros
que existem, e que demoram mais a ser aceites como corrosivos, como tóxicos à
pessoa que abusa deles, e indiretamente a quem vive e convive com esta
realidade.
Falo das relações
abusivas.
Muitas vezes (mais do
que queremos admitir), andamos mais carentes ou mais eufóricos ou mais qualquer coisa, e apetece aumentar ainda mais a adrenalina. Apetece
experimentar aquela pessoa, que tem qualquer coisa de mau (e nisso nós,
mulheres, somos peritas em achar piada ao bad
boy) mas que sabe tão bem.
Que teve uma atitude
extremamente agressiva, sem razão aparente, com o condutor do lado, mas que
depois passa o resto do dia com mimos e cafunés.
Que se irrita e grita
e oferece “porrada” ao fulano da equipa contrária só porque o seu clube não
ganhou, mas que até se oferece para, diariamente, se levantar meia hora mais
cedo e ir levar-te ao trabalho e, quando sais, o encontras à porta para te
levar de novo para casa.
Que fala mal de toda a
gente (com jeitinho até a mãe é catalogada), mas que te nomeia o “seu amor” em
menos de uma semana de encontros.
Começa tudo muito bem.
Demasiadamente bem, até. É algo parecido com um conto de fadas mas elevado a um
estado gigantesco de mel e amor e coraçõezinhos e outras coisas do género.
Começa com uma atenção
desmedida, exagerada, com uma “preocupação” de como estás, de onde estás, de
com quem estás. E tu, que se calhar até estás carente, sozinho/a, gostas daquela
atenção, faz-te bem, é uma endorfina em forma de gente.
É o passar a ser o teu
“choffeur” diário, para todo o lado, sem que lhe tenhas pedido ou que precises
realmente.
É o passar a ligar-te
e a enviar-te mensagens ininterruptamente, muitas vezes sem nada para dizer.
É o querer saber com
quem estás, quem é aquele colega, aquela amiga, o teu irmão, os teus amigos,
porque “quero conhecer-te e quero fazer parte do teu mundo”.
É o oferecer-te a
chave da sua casa em menos de um mês da primeira noite lá passada, e fazer
questão que vás viver com ele/a, "não aceito um não - ou não queres estar comigo?".
É no fundo,
controlar-te.
E mesmo que te pareça
um exagero, tu deixas. Porque sim, porque se calhar tu é que estás a exagerar,
porque ele/a é um querido/a, porque mostra um interesse por ti como ninguém
mostrou.
E tu cedes. Não
travas, respondes sempre, atendes sempre, não lhe respondes torto nem o/a
contrarias (“já viste a figura que fez no café, no outro dia, só porque o
empregado se enganou no troco??”), afinal tu não queres chatices e até sabe bem
(como aquele shot ou charro, tu pensas que consegues controlar e quando parar!).
Mas o tempo passa, e
quando te apercebes estás já na teia tóxica daquele teu “par”.
E ai de ti que, um
dia, não queiras a sua boleia, não lhe respondas à última mensagem no minuto
seguinte, não possas atender a chamada, queiras ir jantar fora com uns colegas
ou queiras ir aprender um novo hobby com um familiar.
Aí a toxina vem ao de
cima. E o veneno apodera-se e revela o monstro com quem estás – porque te
insulta, porque te ameaça, porque te bate, porque te esconde, porque te
desrespeita. E mesmo que tu te apercebas, estás já tão dependente do vício (não do amor ou da paixão, porque esses há muito que morreram) que
nem sabes muito bem como acabar com aquilo, “a ressaca vai custar horrores”,
pensas que consegues controlar…. Mas é o vício que te controla.
E mesmo que alguém te
chame a atenção, te alerte, e tu reconheças que estás toxicodependente, não
sabes a quem pedir ajuda (a PSP muitas vezes só regista, faz o papel de padre a
quem tu confessas o teu vício….e a coisa fica por aí mesmo), ou como pedir
ajuda, ou se a ajuda alguma vez chega (até porque, depois, também encontras
muitas pessoas que tentam “amenizar” a situação com comentários como “pelo
menos não estás sozinho/a”, “aguenta, nem que seja pelos filhos. Afinal, eu
também aguentei”. Como se alguém sugerisse a um alcoólico para deixar o vinho e
dedicar-se apenas à cerveja, que assim a coisa ficaria resolvida!)
Ontem presenciei mais
um caso de toxicodependência destas. Eu própria já fui toxicodependente de uma
relação destas, tenho perfeita consciência de como me deixei intoxicar, como
até parecia que sabia bem…. E como foi uma droga livrar-me de tudo aquilo.
Fiquei tão chocada
quando, ontem, vi uma amiga (na casa dos 40, não miúda adolescente com pouca
experiência de vida!) na mesma situação, já perfeitamente consciente de como
está “agarrada” mas que prefere esperar que o veneno se farte dela (o corpo
condutor da substância maldita) do que ser ela a cortar com o mal pela raiz (até as literalmente
dezenas de sms dele (enviadas em menos de 2 horas) a perguntar por ela a
deixavam de rastos!!!!). Simplesmente porque tem medo, porque não sabe qual o antídoto ou como acabar com
aquela toxina. Como passar a viver
sem aquilo (como se atualmente pudesse chamar vida à sua
sobrevivência).
Choca-me a pessoa
resignar-se à sua pobre condição e deixar-se dominar, porque assim sempre foi.
Choca-me a manipulação e o controlo extremo. Choca-me o abuso. Choca-me haver
tantas associações de luta contra a droga e álcool, de prevenção contra o
tabagismo e a obesidade… e de ainda haver tão pouca AÇÂO e prevenção no que respeita à Violência Doméstica.
Mas, mal por mal, fico
satisfeita por as pessoas finalmente chamarem as coisas pelos nomes. Pelas
notícias dedicarem cada vez mais tempo a denunciarem casos destes (violência
doméstica, física ou psicológica, sempre houve, não tinha era lugar de destaque
porque “entre marido e mulher…."), ainda que, na sua maioria, seja por situações
com desfechos trágicos. Fico satisfeita por haver cada vez mais campanhas como
esta. A passar atualmente nas salas de cinema.
Bonito
bonito seria ver campanhas como esta passar em TODOS os intervalos
publicitários, gratuitamente (serviço público obrigatório) e em TODOS os canais
televisivos (afinal, as crianças de hoje podem ser os futuros “drogados” ou manipuladores
de amanhã).
Parece que se descobriu que o Sr. Pedro Coelho, há uns anos atrás, se esqueceu de pagar as contribuições à Segurança Social por "não ter sido notificado pela mesma" e porque também "não tinha consciência dessa obrigação".
Ao que levou à indignação de meio mundo (ou melhor, da maioria dos que seguem esta notícia), prazer secreto por parte da oposição em ver esta notícia espelhada em tudo o que é media de Portugal, e espanto incrédulo por parte dos seus pares. Mas meus caros, qual é a novidade? Ou melhor, qual é o "problema"??
1) para já o Sr. Pedro, na altura, nem deveria imaginar que um dia chegaria a primeiro-ministro. Portanto, a sua falha tinha, à data um caráter tão grave quanto a da maioria dos tugas que por aí anda e que foge diariamente ao fisco e à segurança social e afins. I.e a sua falha seria muito relativa
2) se a Segurança Social não o notificou (presencialmente, por carta, por email, no facebook...), como é que o Sr. Pedro poderia imaginar que teria de pagar? É como a questão das portagens que agora está na ordem do dia - quem é que imaginaria que não pagar 0,60€ na portagem da Marateca em 2011 resultaria numa penhora de 940,00€ em 2015?
3) dos tugas que criticam o Sr. Pedro, quantos é que efetivamente pagam todos os impostos por livre vontade... ou pedem fatura em todos os estabelecimentos (e oficinas e canalizadores e prestadoras de serviços íntimos)... ou são exemplo de sociedade civilizada que hipocritamente fingem defender?
4) Ele pagou entretanto, não foi? (pelo menos é o que diz a notícia) Mais vale tarde que nunca!
E afinal - ele não é primeiro-ministro dos tugas???? Então, lá diz o ditado que "se não podes vencê-los junta-te a eles"...