Com tecnologia do Blogger.
RSS

Aceita um não!

Esta semana ouvimos falar da Maria, atriz de profissão e vocação que, vítima de violência doméstica (ou incapacidade e/ou estupidez do ex para aceitar o fim de uma relação), tornou-se vítima da pouca justiça e capacidade portuguesa... e viu a sua vida chegar ao fim.

Antes da Maria, outras "Marias" fizeram manchetes nos jornais e televisões de Portugal: a "Ana", a "Sofia", a "Carla", o "António", a "Lurdes" - todos os dias ouvimos falar em casos de violência doméstica causados por alguém que não sabe ouvir um não, não sabe lidar com o fim de um relacionamento, que julga que através da força ou raiva consegue aquilo que não é mais conseguível.

Eu, que também já lidei de perto com este tipo de violência, ganho um nojo crescente de todo este tipo de atitude - e defesa.
De quem se considera prepotente.
De quem se julga superior à lei.
De quem se defende com a cultura do antigamente ("até que a morte os separe")

De quem sabe que, mesmo que a vítima se queixe e apresente queixa, muito raramente será defendida - porque a queixa fica registada em papel e pronto. Nada mais se faz.
De quem sabe que a justiça dá sempre o benefício da dúvida a quem incumpre com a lei e não respeita o próximo.
Da lei que admite receber uma queixa por violência doméstica - mas não assume responsabilidade pela mesma.

Enquanto não se mudarem leis, pensamentos, atitudes e julgamentos, haveremos de, diariamente, dar de caras com notícias que dão conta do fim da vida de muitas Marias, Anas, Helenas e Josés que sucumbem face às mãos de quem não sabe aceitar um não ou um fim.

Vergonha, tristeza e medo, é o que sinto neste momento.

(Descansa em paz, Maria. Agora estás a salvo).

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Machismo puro... ou embirração, apenas?

Eu adoro kizomba, não é segredo para ninguém. Aprendi os primeiros passos desta dança há pouco mais de um ano, e há pouco mais de um ano que sei de cor as músicas (e letras) dos hits kizombeiros que por aí circulam.

Kizomba, semba, afro-music... passou a ser uma constante na rádio do carro, na playlist / youtube enquanto estou no escritório, na cabeça enquanto vou vivendo o dia-a-dia.

Reconheço que, apesar da música normalmente ser muito boa (mexe connosco), as letras nem sempre são as mais "profundas". Normalmente uma kizomba fala da Bo, em como a Bo o deixou, em como a Bo foi deixada por outra e ela se vai arrepender, em como o Angolano anda desesperado atrás da Bo... e é isto.
Não me faz muita diferença, confesso. Se formos a traduzir os hits cantados em inglês, a coisa também não anda muito longe disto. E as pessoas gostam, cantam, e oferecem prémios aos autores destas letras "originais".

Mas há uma música que me tira do sério. E muito.

Não é por causa dos acordes em si (tem uma boa musicalidade, uma boa batida, dá para dançar bem).
É por causa da letra.

Que raio de letra é esta, senhores???? Estamos em pleno século XXI!!!!!

Então:
A música é do Juvencio Luyiz - "Amor de hoje". Escutem pfv (sobretudo o refrão), e partilhem comigo a vossa estupefacção.


Diz / canta o rapaz:

"Minha vida está um dilema
Mas o que é que eu vou fazer
Se, casar é um problema
Precisamos resolver
Chego a casa logo de manhã
Pra com a família relaxar
E eu pergunta para a minha filha
Filha onde foi a mamã?
Ela diz que mamã saiu ontem a noite quando o papá saiu
E até agora de manhã, mamã, não voltou
Sei que não é a primeira vez
Segunda vez ou a terceira vez
Eu não aguentei
Quase me envenenei-ei-ei
Se durmo fora, dormes fora
Quer dizer o quê?
Se janto fora, jantas fora
Pra fazer o quê?
Se vou para os copos, também vais
É desafio ou quê?
Ta competir o quê?
Ta me mentir você?"

Portanto, ele pode ir jantar fora, ir para os copos, deixar a mulher e filha em casa... e está tudo bem.
Mas se a mulher fizer o mesmo quer dizer o quê? Desafio?? Competição?? Já não pode / deve??

Ó amigo.... "não faças aos outros o que não queres que te façam a ti!". Capiche?!!!

(é que me tira do sério, este tipo de coisas!!!!!)

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

A culpa é da chuva!

Diariamente, antes de sair de casa, tento dedicar quase uma hora para ficar mais ou menos assim.





Para depois chegar à rua e o tempo, em segundos, me deixar assim.


  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Estou contaminada. E agora?

(Teoricamente) Com o decorrer da idade, aprendemos a proteger-nos das mais variadas situações. Aprendemos a lutar, a ser perseverantes, pro-ativos, determinados, assertivos, a não baixar os braços ante um possível problema, a planear todo um processo cujo objetivo final seja o sucesso.

Esquecemo-nos é que, muitas vezes, estas qualidades / características são excelentes.... para o lado profissional. E que nem sempre se aplicam a nível sentimental.

Sobretudo para as mulheres (se bem que também há muito bom homem que passa pelo mesmo), facilmente nos desprotegemos - correndo por isso facilmente o risco de "adoecer".

Porque ainda não inventaram uma espécie de "preservativo cardíaco", facilmente nos expomos aos mais variados vírus e bactérias que andam por aí à solta, e que, por muitos anticorpos e vacinas que tenhamos levado ao longo da vida, não são suficientes para nos deixar imunes a tal praga.

E como é que nos apercebemos que ficámos contaminados?
Nem sempre é fácil. Aliás, com o avançar da "vacinação" e crescente toma de antibióticos vamos ficando mais e mais insensíveis aos primeiros sintomas.


Mas a coisa costuma acontecer assim:

1) com a última virose apanhada no verão passado, juramos para nós mesmos que nunca mas nunca mais andaremos "à chuva". Que a partir de agora seremos nós a bactéria, um organismo vivo (e com muita saúde para dar e vender) cheio de energia, pronto para fazer parte do corpo (e alma) de alguém. E porque nem sempre a bactéria é prejudicial, haveremos de nos tornar vitais à saúde (ou carências) de outro
2) ficamos tão focados em que seremos nós o corpo estranho... que nos esquecemos que também poderemos conhecer outro com o mesmo objetivo. E, sem que nada o faça esperar, desprotegemo-nos dos vírus à solta no ar, que rapidamente se alojam nalguma célula (mental) nossa e começam a deixar os seus estragos
3) até que um dia acordamos e começamos a aperceber-nos de alguns sintomas. É aquele suor frio, é o coração a bater mais rápido, é a mente ficar confusa e a não entender alguns sinais, é a barriga que ganha um nervoso miúdo. Quando damos por nós, estamos totalmente infetados. Já não há volta a dar.

Depois, é tentar perceber se a doença foi provocada por uma bactéria (que até poderá ser fundamental para o nosso crescimento, ou anulada com algum antibiótico), ou por um virus (que nos infeta lenta mas eficazmente, podendo mesmo levar a alguma fatalidade, como que uma espécie de VIH - mas menos crónico do que o original. Será um qualquer VIG - vírus sobre a indiferença do/a gajo/a).

E perante o diagnóstico de VIG, lá dedicaremos algum tempo da nossa pouca saúde (mental) às 5 famosas fases causadas por esta descoberta:

1) negação
"Contaminado, eu? Mas como? Outra vez? Então mas eu ia jurar que tinha tido cuidado, usado proteção... (espera, naquele jantar pus-me a jeito... mas também foi só uma vez!). Não pode ser, deve ser engano. Veja lá melhor doutor!"

2) raiva
"Mas porque é que isto só acontece a mim? O que é que se passa com o meu organismo? Que coração fraquinho é este? Porquê este vírus? Com tantos espalhados no mundo...."

3) negociação
"Doutor, dá para fazer um transplante de coração? Eu prometo que nunca mais me deixarei contaminar!!! A sério! Veja lá doutor...". "Vou a um tarólogo / cartomante / pai de santo, ele há-de encontrar a solução que eu quero / preciso"

4) depressão
"Eu não mereço isto. Nunca mais vou sair de casa. Vou dedicar-me à bebida, ao chocolate, aos filmes lamechas e aos programas do Goucha!"

5) aceitação
"Pronto, estou infetado. Mas o doutor há-de arranjar remédio para isto. Ou pode ser que, com o tempo, os sintomas diminuam. Afinal, o que não tem remédio remediado está! Vou espairecer e tentar ganhar novos anticorpos. A partir de hoje, todo o cuidado será pouco!"


E até aceitarmos a nossa (fraca) condição, e encontrarmos cura para a doença, vamos sobre-alimentando a dor de alma com citações ou indiretas no facebook e outras redes sociais, e looping de músicas dedicadas ao coração. Como esta:







  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Não há-de uma pessoa ter mau feitio



Decidam-se, pah!

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Kizomba-men

Que a Kizomba é a dança que está in, ninguém duvida. Sensual, quente, intimista, é a música perfeita para mostrar o sentimento.... e bailar ao som dos ritmos africanos.

Eu, "kizombeira" de primeira viagem que sou, gosto de dedicar parte do social a observar os pares que dançam à minha volta... ou melhor, gosto de observar os homens que dançam (ou talvez não) à minha volta. E concluí, juntamente com uma amiga que também tem um feitio um pouco peculiar, que os homens traduzem na forma como dançam a atitude que têm com uma mulher... a nível mais intimista.

Naturalmente que nós, mulheres, também poderemos ser "catalogadas", mas por agora vamos dedicar-nos a perceber os tipos de homem que kizombam.

Assim, numa noite de social (que é como quem diz, uma noite em que só se dança kizomba, semba e afro-music), podemos encontrar os seguintes tipos de homens:

1) o iniciado
Está a aprender kizomba há pouco tempo. Há tão pouco tempo que passa o tempo todo a sussurrar ao teu ouvido "1....2....1...2". Raramente faz mais que o passo-base, mas mostra tanta vontade em aprender que tu até "perdoas", e dedicas-lhe 2 ou mais músicas... nem que seja para o rapaz ganhar coragem e arriscar uma saída do homem ou outro passo "mais avançado"

2) o mal iniciado
Está a aprender kizomba há pouco tempo. Há tão pouco tempo que, de vez em quando, se arrisca a sussurrar ao teu ouvido "1....2....1....4....". Pois: a timidez e falta de vontade levam-no a transpirar de nervos.... e é ele que acaba por te "despachar" ao fim dos primeiros acordes - não porque tu não sejas uma boa parceira, mas porque ele simplesmente se sente inferiorizado pela sua pouca experiência. E, por isso, "antes despachar do que ser despachado"

3) o tímido
já sabe alguns passos (afinal, é um aluno exemplar e presente nas aulas semanais), tem gosto na música, até consegue mostrar algum brilharete com um outro gesto.... até dançar com Aquela rapariga. Que o deixa tão nervoso que o leva a fazer apenas o passo-base. Em 2 ou 3. No máximo. E afastado meio metro da moça.... não vá o diabo tecê-las!

4) o encostado
Até já sabe alguns passos, já teve várias aulas, mas não lhe apetece testar - ou ser testado. Passa a noite toda encostado no bar, a avaliar as mulheres que por ali dançam, e a imaginar como dançariam com ele... se ele ganhasse coragem para as convidar a dançar.

5) o céptico
Está farto de ouvir os amigos falarem da kizomba. Que dá para conhecer "gajas giras", que há cada vez mais festas de kizomba, que é out quem não sabe fazer a saída da senhora. Mas o céptico chega a uma festa e se dançar uma música é muito. E para dançar é com alguma colega da escola de dança, com quem não se sinta pressionado ou testado. Afinal, se alguma coisa correr menos bem, pode-se sempre ficar na dúvida se o passo errado foi da sua (in)competência ou da (in)competência da parceira.

6) o aluno
Começou por ser um autêntico desastre nos passos-base. Demorou mesmo mais de 2 aulas e meia a conseguir algo parecido com a saída do homem. Mas de repente, sem que nada o preveja, começa a mostrar um certo salero, a arriscar umas saídas cruzadas... e a empurrar o pé da parceira. Não se consegue perceber quem fica mais satisfeito: se a mulher, pela ousadia do aluno, se este por compreender que é tudo uma questão de feeling.

7) o agressivo
Anda a aprender kizomba há uns 2 ou 3 anos, no mínimo. Já sabe de cor e em teoria como funcionam todos os passos... mas a única coisa que ainda não aprendeu foi a funcionar com uma parceira. Esquece-se que são precisos 2 para dançar. Decora os passos mas não se recorda que, para os passos funcionarem, é necessário que a parceira esteja alinhada com ele. Resultado? agressividade, explosão, indignação porque ela não soube "fazer a onda" quando ele queria - mesmo que a "onda dele" fosse mais um esfregar de peito do que outra coisa qualquer.

8) o voyeur
Anda a aprender kizomba há uns 2 ou 3 meses, no mínimo. Já sabe na teoria os passos-base, já se gaba para com os amigos das coreografias que, supostamente, consegue fazer... mas o objetivo final deste "bailarino" é amassar a cintura da parceira. Ou pô-la de costas para um espelho, para poder passar o tempo a ver o bumbum a dançar e a desfrutar da música.

9) o vaidoso
Já sabe os passos-base e intermédios da kizomba. Gaba-se a toda a gente de saber fazer isto e aqueloutro. Mas sente-se tão inseguro que "necessita" de ir para o social vestido... de uma forma patética: com roupas 1 ou 2 tamanhos abaixo do seu tamanho, armado em "bonzão", cheio de ginga mas parco em carisma. Quando te convida "ameaça com passos avançados", mas raramente vai além da saída dupla.

10) o acomodado
Aprendeu a dançar kizomba nas festas e/ou com amigos e família. Sabe perfeitamente a diferença entre o passo-base e o 1,2,3. E está bom, pra ele. Qualquer alteração que haja, só com tarraxinha. E mesmo assim olha lá.

11) o crente em "porno-kizomba"
Para este dançarino, kizomba não é mais do que tarraxar, em que as "damas" estão lá para se esfregarem. Kizomba não se dança em forma de pirâmide (hum???), mas antes com as partes pélvicas bem encostadas. E variações da dança? Só na horizontal, claro!

12) o kizomba-man
Anda nas aulas de kizomba há séculos. Não falha um workshop nos principais spots de música africana. Trata o Waty, a Anita e o Avelino por tu, é amigo de todos os organizadores de kizomba-parties, ri-se quando alguém lhe fala num novo passo... mas esquece-se que a parceira pode ainda não saber aquele passo. Irrita-se por nada, arma-se por pouco, faz questão de ser o centro da pista - mesmo que a sua parceira não sinta o mesmo.

13) o artista
"Sabe tanto" que recusa ir a qualquer aula ou workshop. E depois chega a uma festa, inventa passos e irrita-se com a parceira que "não está à sua altura" - nem que seja por esta ter estranhado ele ter-lhe pedido um passo de bachata, p.ex, em vez da sensual kizomba

14) o kizombeiro
Gosta de kizomba e admite-o humildemente. Gosta de ir a aulas e/ou workshops, nem que seja para aperfeiçoar a sua técnica. Quando convida alguém para dançar, faz questão de mostrar cavalheirismo.... e uma certa superioridade. "Querida, eu ensino-te a dançar" é o que lhe passa na cabeça quando te convida para uns passinhos. E esforça-se por ser inesquecível.

15) o "tal"
Pode nem saber dançar nada por aí além, pode ter um pouco de cada um dos tipos acima referidos, pode nem te inspirar grande confiança. Mas ao fim do primeiro minuto de dança, percebes que é este o par da noite. Encaixas com ele de uma forma espetacular e pensas "posso nem dançar mais o resto da noite, não faz mal: já encontrei o par ideal".


Eu já dancei com todos estes tipos de homens. Já aprendi a reconhecê-los e a dançar com eles conforme a sua postura. Naturalmente, alguns só merecem uma música para dançar, outros são candidatos a se transformarem no par da noite.

Independentemente de tudo, e independentemente da música que se dança, um par só se faz e liga se ambos se projetarem e completarem um no outro.
Agora,
Adivinhem qual o tipo de par que eu mais gosto?


  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS