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A paixão pela bola

Como diria a Pólo Norte, o mundo divide-se entre os que gostam de futebol… e os outros.

Quando eu era garota, talvez porque morava muito perto do Estádio da Luz, porque era lá que eu fazia desporto e porque a minha infância foi passada aquando da época dourada do Benfica (anos 80), eu era uma feroz simpatizante deste clube. Gritava pelo clube, cantarolava todas as músicas (a favor) do Benfica, ia para o quintal abanar uma bandeira sempre que o clube ganhava um jogo, “picava-me” com os coleguinhas que eram do Sporting ou do Porto… enfim, levava a sério a condição de adepta.

Com o decorrer do tempo, esta ferocidade foi acalmando. Continuei sempre simpatizante dos encarnados, mas atualmente já não me faz a mínima diferença se eles ganham, perdem ou empatam, quem é o novo treinador ou quantos pontos lhes faltam para ultrapassar os clubes rivais.
No entanto, com o decorrer do tempo também, ganhei uma nova ferocidade – só que contra o fanatismo. Irrita-me cada vez mais os distúrbios causados pelas claques, as picardias entre presidentes (homens de idade mas garotos de mentalidade), as aberturas e fechos de telejornais à conta de incidentes causados pelo futebol (direta ou indiretamente)…



Mas o que me tira verdadeiramente do sério são os 30.000 programas de televisão sobre o desporto-rei (e já nem falo nos jornais desportivos, cujo verdadeiro tipo deveria ser “jornais futebolísticos"). Não consigo perceber como é que se consegue passar horas a falar / discutir sobre um lance ao minuto 17 da segunda parte; a quantidade de argumentos conseguidos para justificar a decisão de um árbitro; a celeuma à volta da escolha do jogador A ou B face aos resultados de há 7 jogos atrás. Não entendo mesmo!!

Assim de repente, numa rápida pesquisa pela net, há a “Grande Área”, o “Trio d’Ataque” e a “Zona Mista”, o “Domingo Desportivo”, o “Prolongamento”, o “Teledesporto”, o “Desporto 2” e o “4x4x3” – e isto só na RTP. Mais o “Play-off” e “O dia seguinte”, na SIC, e o “Desporto 24” e o “Mais futebol” da TVI. Fora os canais temáticos e próprios dos clubes desportivos. O que me faz pensar: fará isto sentido, senhores??? Há assim tanto para dizer sobre 90 minutos e uma esfera?

Era quase como se, a partir da próxima rentrée, as televisões passassem a dedicar variados programas aos episódios das novelas. Como sugestão, 2 horas ao fim da manhã, início da tarde e um especial em pleno telejornal, com “Episódio especial”, “Guião de 2 páginas”, “A música do genérico” ou “Protagonista ou figurante”. E haveria debates, convidados especiais, um a favor da Novela A, outro da novela B e um mediador, e com jeito um dos comentadores, volta e meia, poderia sair a meio do programa por possíveis calúnias contra o argumentista da sua eleição. Assim, só naquela…


Futebol pode gerar paixão sim, é um facto. Mas daí a haver uma quase necessidade de criar um monstro, tal a quantidade de vezes por dia que se alimentam polémicas à volta deste desporto…. ganhai bom senso, gentes!

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Dúvidas que se me assolam

Porque é que, em Portugal e no primeiro dia de Agosto, vamos a uma loja de roupa para comprar uma tshirt, ou um vestidinho para a praia, ou uns calçonitos, ou uma qualquer roupa mais fresca.... e só encontramos camisolas de lã e gabardines e botas de cano alto?

Estamos no PICO do VERÃO, senhores comerciantes! Quem é que, no seu perfeito juízo, está com disponibilidade física ou emocional para experimentar roupa quente, quando na rua estão 40ºC - e assim se prevê que fique a temperatura por ainda mais umas boas semanas???


Irra, que há coisas que não entendo mesmo!


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Estou "de férias"! Hurray!

Quem é mãe e pai a tempo inteiro, e passa o ano todo sempre com os filhos a cargo (mais gatos, que também são uma espécie de filhos dada a quantidade de ralhetes e cuidados que levam por dia!), sabe o doce que é quando chegam aqueles dias / semanas em que os pequenos vão de férias com o outro progenitor, ou com um familiar, ou amigos... e nos dão férias da parentalidade.


Não me interpretem mal: eu gosto, adoro os meus filhos, estar com eles (mesmo sem fazer nada por aí além), passear com eles, vê-los diariamente a crescer e a aprender. Mas há que reconhecer: além do stress constante com a vida que levamos, nos dias que correm um adulto para 2 crianças não é fácil.

Para quem não vive este tipo de realidades, imaginem o que é, diariamente:
- acordar às 6 e picos
- preparar-me para mais um dia, alimentar a gataria, dar um jeito aqui ou acolá ou apanhar a roupa ou estender a mesma, ou preparar lancheiras, ou trocar a roupa porque entretanto começou a chover e ontem a meteorologia tinha prometido um calor digno de calções e sandálias
- acordar os garotos uma, duas, cinco vezes, subir o tom de voz à medida que se vai servindo de alarme, fazê-los levantar estremunhados, lavarem-se, vestirem-se, fazerem a cama (vitória conseguida no último ano, que dantes esta era também minha "responsabilidade"), dirigirem-se à cozinha para se alimentarem, ouvindo uma invariável queixa porque "hoje queria nestum, afinal era estrelitas, e porque é não pode ser sumo com bolachas de chocolate?...."
- explicar diária e constantemente a necessidade de lavar os dentes. E de lavar a cara, e as mãos. E de pentear. E de porque é que, estando a chover lá fora, se calhar não será assim tão boa ideia calçar as sandálias ou chinelos de praia 
- ouvir as birras matinais, assistir às primeiras lutas entre irmãos "porque tu abriste a porta de casa, eu é que abro a da rua!! Chega-te pra lá! Empurraste-me! Tu comeste mais do que eu! Tu não cantas essa música! Não é assim que se dança! Ó mãe, ele está a chatear-me! Ó mããe, ela está a irritar-me! Ó mãããe, diz-lhe pra se calar! Ó mããããe, ela não sai da frente" - e ainda assim tentar abster-me destas discussões e argumentações, pois já se sabe que quem ficará a perder sou eu, que acabo por me irritar e eles, mal chegam à rua, já estão alegremente a conversar e a brincar, enquanto eu tento repor a saturação do sistema nervoso e o nível de volume de voz
- enfiá-los no carro, garantir que não ficou nada esquecido em casa, deixá-los na escola, beijinho de um bom dia, esperar que passem o portão, seguir para o trabalho, enfrentar a IC19, trabalhar durante pelo menos 8 ou 9 horas, aproveitar a hora de almoço para despachar assuntos pessoais, ao fim do dia regressar novamente à escola (enfrentando novamente a IC19), ouvir recados dos coleguinhas / monitores / professores, beijinho de olá, voltar para casa
- passar pelo supermercado ou qualquer outra loja (há sempre uma compra de última hora, seja o pão que acabou ou um estojo porque o fecho do outro foi à vida)
- chegar a casa, alimentar a gataria, preparar o jantar, pedir-lhes para irem para o banho, perguntar pelos TPC, dar-lhes algo para trincarem até o jantar estar pronto, mandá-los tomar banho, perguntar porque é que, enquanto um toma banho, o outro não se despacha a fazer os trabalhos, gritar-lhes para que se enfiem na banheira, explicar-lhes pela enésima vez que a roupa, deixada no chão, não tem a capacidade de, sozinha, se dirigir ao cesto da roupa suja, ir acudir o outro que está demasiado cansado para fazer os TPC, desligar a televisão (que, curiosamente se ligou "sozinha" e foi logo para o canal dos desenhos animados), voltar a lembrar ao que está de lápis na mão que, provavelmente lendo toda a pergunta conseguirá descobrir qual a resposta a dar, garantir que o banho é devidamente tomado e não fica meio quilo de champô agarrado ao cabelo, e depois que a criançada toma o papel inverso do irmão (o que acaba de tomar banho vai fazer os trabalhos, e vice-versa)
- dar-lhes o jantar (confesso que muitas vezes o meu jantar é depenicado, não sentado e descansado, não há tempo para esses luxos), limpar, arrumar, engomar, estender, tapar, secar, levantar, borrifar, despejar
- estar com eles entre jantar e deitar, para os ouvir, brincar com eles, usufruir da sua companhia em pleno, e poder também pausar um pouco
- depois de os deitar e aconchegar, mais uma ronda pelos afazeres, falar com família e amigos (por telefone, por mail, por face, por sms, qualquer coisa conta), verificar compromissos e roupa e consultas e reuniões para o dia seguinte
- e quando, pelas 23h horas mais coisa menos coisa, me sentar no sofá, é para fazer um zapping automático, parar na fox life, estagnar a visão na luz do ecrán da televisão.... e acordar cerca de meia hora mais tarde, com um dos gatos em cima de mim e um dos pés dormentes, de tal forma que o arrastar para a cama se torna de certa forma agoniante.



Isto durante todo o ano. Mais as reuniões na escola, as consultas médicas, o levá-los a festas e atividades, compromissos mil.

E à medida que o ano avança (para mim o ano novo é em setembro), e o cansaço se apodera, custa cada vez mais.

Por isso é que, chegando a Julho, saber que eles ficarão bem e irão passear um pouco e conhecer novos locais e pessoas, e ficarão entregues a outra pessoa.... me sabe a férias. Continuo a ter de respeitar o horário de trabalho (daqui, as férias só serão quando eles regressarem a casa, para podermos ter umas semanas a três, sem grandes horários a cumprir), mas ficar isenta de parte da rotina / stress diário.... é uma paz inigualável!


Aos meus petizes, muito boas férias. Divirtam-se muito - prometo que, durante esses dias, também eu irei descansar!

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Pró menino ou prá menina?

(A propósito deste post)

Assim que o comecei a ler, identifiquei-me imediatamente com a “revolta” da autora – não só face ao machismo latente na nossa sociedade, mas sobretudo porque, em pleno século XXI, ainda se critica tanto quem vai contra esta cultura tuga de velar pelos interesses "machistas" ou "feministas".

Os meus pais, nascidos no interior e vindos de famílias humildes, sempre foram bastante conservadores na atitude e educação que me deram. Nas palavras que os rapazes podiam dizer (mas as meninas não), nas profissões que os rapazes podiam ter (mas as meninas não), nos sítios e atividades que os rapazes podiam conhecer (mas as meninas não). E eu nunca percebi / aceitei esta maneira de pensar.


Lembro-me que, sendo miúda e passando as férias de verão na aldeia dos meus avós, era um ultraje eu querer ir sozinha (ou com uma prima) ao café (“tu vê lá o que as pessoas não vão dizer e depois é a tua avó que fica cá a ouvir todos os comentários”).
Lembro-me que, com a carta de condução tirada e continuando a passar as férias de verão na aldeia dos meus avós, era um desassossego eu chegar a casa noite dentro (“vai ser cá um falatório!”), ao contrário do meu primo que tinha carta branca para fazer o mesmo – até o sol raiar.
Lembro-me de ser aconselhada a seguir profissões mais “femininas”, de ser instruída para, no futuro, ser uma boa esposa e dona de casa e mãe e profissional (a parte profissional seria porventura dispensada se encontrasse um esposo que me sustentasse – cruzes credo!), de ambicionar um marido que, acima de bom pai e bom companheiro, cumprisse mensalmente o seu papel de “homem da casa” – com a função quase exclusiva de sustentar a mesma e permitir-se ajudar com um banho ao miúdo uma vez por outra, ou uma aspiradela à sala assim só para mostrar como cumpria o seu papel na perfeição e bem além do expectável.
Lembro-me de sempre me fazer confusão a expressão “dona de casa” e “ele até ajuda na lida ou na educação dos filhos”. De ao homem ser aceite e permitida (quase elogiada, até!) a traição, mas ai da mulher/esposa que ousasse sequer uma saia mais curta, quanto mais…

Naturalmente que tudo isto contribuiu para a minha forma de ser e agir. E para a minha inflamação face à “separação de papéis”, e para este machismo velado e para os movimentos pró e anti-feministas.

Quando engravidei, fiz questão de não decorar o quarto em tons de azul ou rosa, mesmo já sabendo o sexo da criança (ah, mas fica tão mais bonito!!)
Quando o meu casamento acabou, fui eu que saí de casa (uuhhh… abandono do lar e tal)
Quando o meu filho, aos 4 anos, pediu, ofereci-lhe uma “cozinha” e utensílios, para ele dar asas à sua imaginação e gosto pela gastronomia (então mas isso não é brinquedo de menina??)
Quando é necessário, monto sozinha estantes do ikea ou despacho alguma bricolage mais adequada à minha natural falta de jeito (e consegues??)
Quando é necessário, levo o carro à oficina ou à inspeção (e desenrascas-te??)
Quando o miúdo, hoje com 10 anos, chora, deixo-o desabafar tudo o que lhe vai na alma (não resisto a revirar os olhos, aliás, quando oiço que "um homem não chora!")
Quando é para arrumar a casa, ambos os miúdos lá de casa (menino e menina) têm de participar, sem diferenciação na tarefa a executar ou qualquer outra discriminação (sim, ambos apanham a roupa do estendal, fazem a cama, “arrumam” o que desarrumam, despejam o lixo….)
Quando quero, saio sozinha à noite para ir dançar ou beber um copo (e não, não ando no ataque nem sou uma desesperada ou qualquer outra expressão mais depreciativa!)
Quando quero e gosto, dou também o primeiro passo, pago um jantar, faço um convite (mas essas iniciativas não cabem sempre primeiro ao homem??)

Irrita-me solenemente esta ainda necessidade de separar as coisas “adequadas” para o homem ou para a mulher, os preconceitos face a um homem cabeleireiro ou uma mulher motorista, ou quem tem de se justificar perante os amigos por o seu filho andar no ballet ou a sua filha, já com 20 e poucos anos, gostar de acompanhar as refeições com um copo de vinho.

Para mim, responsável pela educação de 2 cidadãos, ai de quem lhes tente incutir que ser do sexo feminino ou masculino obriga automaticamente a um condicionamento das suas escolhas, gostos, preferências ou atitudes (quanto muito, que as mesmas sejam condicionadas pela força física ou destreza manual!!!). Ou a uma responsabilização ou desresponsabilização perante a família, amigos e sociedade, de acordo com o seu género. Homem ou Mulher têm as mesmas capacidades, certo??

E acabem lá com essa piada de colocar nas etiquetas “para a mãe lavar à mão”, ou “para o marido mudar a pilha”. É uma ofensa para todos os outros os que, em exemplos como estes, lavam a roupa ou mudam pilhas – embora não tenham ainda experimentado as maravilhas da maternidade ou de serem casados!

(e o que eu "gosto" daqueles/as dualistas que enchem a boca para lamentarem o “coitado do pai que se não paga pensão é porque não pode”, mas depois criticam porque “a mãe não sabe comprar um par de sapatos de jeito ao miúdo nem é capaz de o inscrever no Inglês”????… mas isto é tema para outras conversas!!)

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Sou de poucas falas

Gosto muito mais de observar, de ouvir, de escrever até. Obviamente que, volta e meia, solto a gralha que há dentro de mim, mas ainda assim as palavras soam-me e saem-me melhor quando escritas, em vez de ditas. Talvez uma certa insegurança em dizer sem poder apagar ou retocar de imediato, se necessário.

Por exemplo, numa relação sou muito mais de mostrar ou tocar do que dizer. Não sou de fazer juras e declarações de amor ao fim de poucos dias, ou mesmo semanas. Há quem me considere um pouco fria: talvez. Mas dizer só para ser ou parecer bonito, não me apraz. E também não gosto de ouvir juras ou declarações de amor ao fim de poucos dias ou semanas. Assusta-me, deixa-me de pé atrás, cheira-me a exagero, a esturro. Mais uma vez, posso ser fria com esta atitude. Talvez. Mas tanto facilitismo nas palavras / no sentimento faz-me ponderar na verdade do mesmo.

Acho um desperdício o dinheiro gasto em flores. Seja num funeral (detesto o culto dos funerais!), seja numa relação. Aliás, diz-me a experiência que as flores, num relacionamento, servem como um pedido de desculpas barato, ou uma tentativa preguiçosa de apelar à conciliação… E são algo que murcha, ao fim de poucos dias – exatamente o oposto do que deve acontecer para quem quer ter e assegurar uma relação. Talvez seja um exagero. Mas até prova em contrário, é a minha postura face aos arranjos florais.

Sou de poucos gastos. Por ter de estudar ao pormenor o que posso ou não gastar e ter sido criada em clima de poupança extrema (porque não havia outra hipótese), considero um exagero o que se gasta em gadgets, telemóveis, acessórios… podendo ter praticamente o mesmo a preços muito mais acessíveis. Acho obsceno tanta gente ter de se valer do que gasta a comprar algo; considero ridículo quem invista num iphone e, logo de seguida, se queixe do ordenado que não chega aos 900 euros mensais; vejo quase que como uma afronta o preço que se atribui a determinado automóvel ou par de sapatos. Talvez seja um pouco forreta. Mas apesar desta minha característica à conta da magra carteira, sou completamente contra aquelas correntes de “abaixo o ordenado do político A ou apresentador B, eles deviam era ter o ordenado mínimo para verem como as coisas são”. Se eles recebem 5000 ou 6000 por mês, ótimo: que se consiga subir a média do vencimento de todos para essa fasquia, e não o contrário.

Sou a favor de filhos de asas abertas. Que queiram e gostem de andar e brincar na rua, passear, conhecer, ver, explorar. Que não tenham medo de dormir fora de casa, que experimentem sabores novos, que pesquisem e procurem saber mais de outras culturas. Comigo ou sem mim, com os amigos, com os escoteiros, com a escola. Que respeitem, se dêem ao respeito e se façam respeitar. Tento educar tendo por base sempre o bom senso (e a educação que os meus pais me deram), fugindo às novas teorias e ultramedos da sociedade atual. Talvez seja um pouco despreocupada… mas até agora o resultado tem sido francamente positivo.

Sou pelo copo meio cheio. Cansei de derrotistas, “vítimas” da sociedade, queixosos e queixinhas. Aprendi a ver o lado bom de tudo, a ter um espírito positivo, a saber aproveitar o pouco ou muito que se possa ter e conquistar. Já não ligo nem tenho paciência para quem se queixa… e nada faz para mudar. Ou quem reclama de barriga cheia. Ou quem rabuja, mas continua com a atitude de conformado. Talvez seja um pouco intolerante face aos ais e lamentos, mas a vida tem-me revelado que, por norma, quem mais se chora é quem menos faz por não ter lágrimas para mostrar.

Sou muito assim: prática e descomplicada, mas com uma vontade imensa de aproveitar cada dia que passa (seja a preguiçar no sofá ou a dançar até de manhã). Talvez pouco romântica, mas com os pés bem assentes no chão. De poucas falas, é certo. Mas com muito para dizer.

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Dúvidas que se me assolam

Cenário:

- pessoa vai ao Multibanco e tira um saldo da conta
- pessoa levanta 20 euros
- pessoa tira novo saldo da conta, e fica uns bons 5 minutos a olhar para o talão, sem disponibilizar a caixa de ATM a quem se encontra à espera de vez

Porquê? Para confirmar que o multibanco sabe fazer contas? Ou se "os ladrões dos bancos" não lhe estarão a tirar mais do que deviam, mesmo debaixo das suas barbas?? OU é apenas uma forma de aprender matemática in loco?

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Coitados dos pais das crianças de hoje

Nos dias de hoje, ser-se pai (ou mãe) não é nada fácil. Por todo o lado pululam sugestões, críticas, opiniões, pareceres e sei lá mais o quê… a fundamentarem que TUDO o que uma criança faça (ou goste ou tenha ou diga) é digno de crítica, avaliação e reflexão. E como deveria ser diferente.

Basta abrir uma revista, entrar num site, passear por uma qualquer rede social ou assistir a programa de televisão dedicado à família, e é uma enchente de dicas e sugestões sobre

- a alimentação
                - há as correntes de apoio exclusivo aos laticínios e os estudos que “comprovam” que proteína láctea em excesso poderá provocar gaguez quando a criança é apanhada a fazer alguma asneira típica da idade
                - há os fanáticos do movimento infanto-vegan e os entusiastas da erradicação da sopa
                - há as 7 dicas para que o seu filho recuse o açúcar, versus as 15 etapas para que o seu filho faça birra… se não tiver brócolos no prato

- a educação
                - é o movimento pela aprendizagem do mandarim contra a manifestação marcada pelo regresso do Francês
                - é o apoio ao incremento de mais 14 horas semanais para AECs versus o fim do ensino secundário
                - é a iniciativa “Aprender Álgebra quântica antes dos 9 anos” contra o projeto “Yoga analítica para uma postura passivo-criativa”

- as amizades
                - são os 10 motivos para incentivar o seu rapaz a assinar o programa Erasmus na Lituânica, a par de “Como surpreender a privacidade do seu filho? 8 dicas infalíveis”
                - são as teorias em como se tornar a melhor amiga dos melhores amigos dos seus filhos, juntamente com “conhece bem as conversas secretas da sua criança?”


- etc etc

E depois, há todos os extrremismos e fanatismos típicos de quem está tão assoberbado com esta informação e pseudo-psicologias e terapias infantis.... que acaba por não conseguir discernir o bom senso.... da quase loucura.

Por exemplo, ontem, em Portalegre, a PSP local fez uma série de atividades para festejar o dia da Criança. Em que uma delas era simular um motim, onde parte dos gaiatos fizeram de polícia de choque, e outros quantos fizeram de manifestantes.



Claro que houve logo muitos "comentários chocados" com esta iniciativa, e partilhas indignadas (eu acho um piadão as pessoas ficarem "chocadas" e, consequentemente, terem "necessidade" de partilhar essa mesma notícia como forma de "protesto"), e revoltas, e prenúncios que as crianças que vivenciaram esta experiência serão traumatizados para o resto da vida, e sabe-se lá mais o quê. 

É, minhas gentes, a ideia pode ter sido um pouco disparatada. Mas para quem cresceu a cantar o "atirei o pau ao gato, e o gato não morreu", a ver o Tom Sawyer a correr descalço à beira do Mississipi, e a brincar com fisgas e aos polícias e ladrões..... onde é que está a razoabilidade de ver que isto foi apenas uma atividade / brincadeira - não um incentivo ou outra parvoíce do género?

A infância é um período de experimentação, de brincar com a realidade. Numa época em que há cada vez mais manifestações (sobretudo tão mediáticas como a que envolveu um adepto do Benfica em Guimarães, há umas semanas), é importante relativizar as situações aparentemente mais melindrosas e mostrar a uma criança os 2 lados da questão.

Não stressem, pais, se os vossos filhos brincam por exemplo aos polícias e ladrões. Antes este tipo de atividades do que deixá-los tardes sem fim na nintendo ou no PC, a jogarem e a "mutilarem" monstros, pessoas, e as mais diversas entidades. Pelo menos estas crianças de Portalegre divertiram-se e ficaram com uma recordação... de como é bom ser pequeno!

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Dúvidas que se me assolam

Porque é que se chamam "Nódoas negras" aos hematomas - se os mesmos têm sempre tonalidades tão díspares como amareladas, azuladas, arroxeadas, semi-castanhas ou mesmo esverdeadas??



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Serviço público

Livro escolar tem exercício em que um rapaz larga um gato da varanda


Exercício de livro para alunos do 9º ano apresenta um exercício com o objetivo de "testar conhecimentos do tema Movimento e Forças da disciplina de Físico-Química". Sendo que esse exercício se baseia num rapaz atirar um gato da varanda. Exato.



O livro de exercícios, que deveria ser publicado em Agosto próximo, será agora revisto após a "denúncia" e partilha deste maravilhoso exemplo nas redes sociais. Diz a editora que, apesar do livro ter sido revisto por 3 pessoas, ninguém reparou na estupidez falha.

Toda a notícia no Público.



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À beira dos 40


Nascida em 1975, tu percebes que chegaste, pelo menos, a um terço da tua vida (há quem aponte para meio da viagem, mas eu faço questão de acreditar que os meus genes – e exemplos de avós e bisavós – me irão permitir passar a barreira dos 100 na boa!). E que, tal como tem vindo a acontecer nos últimos anos, 


- já não ligas às notícias. Fartaste-te de ouvir desgraças, crises, homicídios, informações pessimistas e derrotistas… e estejas um dia ou uma semana sem assistires ao telejornal ou só às gordas dos jornais, o mundo não deixará de girar, e haverá sempre alguém que te pergunta, meio chocado meio sedento de sangue “ouviste aquela notícia do outro que matou não sei quem?”, acabando por te por ao corrente do que se passa na atualidade

- já não gastas horas a ver televisão. Além da mesma ser monopolizada pelos garotos, quando tu finalmente consegues uns minutos para te sentares em frente à dita, ou estás tão cansada que adormeces, ou está a passar pela enésima vez a 7ª temporada da Anatomia de Grey ou um qualquer filme dos anos 90… que tu já viste aí umas 3 ou 4 vezes, no mínimo

- percebes que a tua mente ainda é uma quase teenager, mas o corpo começa a revelar algum cansaço. Aquela ruga feita pela almofada, durante a noite? Continua firme e esplendorosa mesmo depois de almoço. Apanhar algo caído no chão? É levantado sempre com um “uuugghh”, ainda que sussurrado. Noitadas em que te deitas às 4 ou 5 da madrugada? Terminam sempre com o teu acordar às 8 da manhã, no máximo, e um cansaço pior que ressaca (mesmo que não toques numa única gota de álcool)

- viraste as costas a “medos” de antigamente, e já não te importas com a opinião dos terceiros. Seja sobre a forma como educas, como foste educada, o que tens ou deverias ter recusado… Já não tens pachorra (ou “necessidade”) para engolir tantos sapos. Ou para evitares dar uma opinião que, sabes, será polémica. Afinal, quem não gosta come menos!

- sentes-te feliz e com um toque de vaidade quando ainda te tratam por "menina", as pessoas à tua volta te tratam por "tu", e manténs no teu círculo de amizades pessoas de todas as idades (apesar de ficares um pouco atónita por algumas dessas pessoas terem idade para ser teus filhos - e não me refiro aos coleguinhas das tuas crias!).

- já não queres saber se encontras o príncipe encantado, ou se/quando é que a tua relação vai acabar. É para aproveitar o momento: se conheceres alguém que te faça feliz, ainda que por um dia (ou noite), aproveita; se as coisas mudarem ou acabarem – chora-se um pouco, enxugam-se as lágrimas e segue-se em frente com um sorriso na cara!

- ficas sempre estupefacta quando fazes contas sobre aquela música ou série ou nascimento que aconteceu em 2005, pra aí (parece que foi ontem!)… e afinal foi há uma década! “Como é que é possível??”. Compreendes finalmente (e lamentas) a expressão que o teu pai tanto dizia, quando eras miúda, em que o tempo passa cada vez mais rápido. O que na altura te parecia um absurdo – agora reconheces como uma verdade absoluta.

- já fizeste as pazes com o teu corpo. Seja ele mais pró anorético, musculado ou redondo.. é o teu corpo. Podes sempre tentar corrigi-lo um pouco (mas sem fanatismos, essas maluquices ficaram fechadas na passagem para os 30), e aprendes a valorizar o que de melhor tens.

- por muito que tenhas quase 40, continuas a imaginar-te (e a vestir-te e a comportar-te) como tendo 30 (e ainda bem!). Para ti, uma mulher de 40 terá sempre a aparência que tinha quando ainda não sabias ler nem escrever, com o cabelo curto ou cheio de laca, e a usar saias travadas pelo joelho. E acabas por culpar a música do Paco Bandeira (sobre a "ternura dos quarenta"), que te vem sempre à cabeça e por lá fica a tocar durante o resto do dia – ou da semana.

- já não stressas ou sobrevalorizas os receios que também tiveste aos 30, quando eras uma recém-mãe. Caiu? Levanta-se, lava-se a ferida e siga. Vai acampar? Que se divirta e aproveite a experiência. Vai dormir a casa de um amiguinho? Que se divirta e aproveite a experiência... mas se houver uma (uminha!) queixa que seja por parte da outra mãe, terá um problema! Vai mudar de escola? Vai conhecer novos amigos. Começou a chover e foi de calções para a escola? Não há-de morrer por causa disso. Faz birra porque é o único da sala que não tem telemóvel? Temos pena. Não quer comer o peixe? Não come, não há-de morrer de fome (também não há-de comer sobremesa ou um qualquer snack, mas isso será um problema que ele terá de resolver com a sua própria gula).

- aproveitas cada minuto possível para fazeres o que mais gostas. Encaras o trabalho como uma boa necessidade, aproveitas as folgas e tempos de descanso para passeares, dançares, descansares, viveres. Sozinha, com a família ou com os amigos. E mesmo acreditando que chegarás pelo menos aos 100 / 110, passas a viver como se o amanhã seja uma incerteza.






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Serviço público


Visto num exame de preparação para o 4º ano. Quero ver quem é que acerta... :D

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Pelo direito à greve?

Grevecessação colectiva e voluntária do trabalho realizado por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios.


Parece-me bem. Muito bem mesmo que as pessoas lutem pelos seus direitos, pelo que acreditam merecerem, por melhores condições. Aplaudo quando alguém recorre à greve como um último recurso, com o objetivo de chamar a atenção para um problema que precisa de solução rapidamente, sobretudo quando esta é a única hipótese possível.

"O problema é que as greves, que deveriam ser a exceção, tornaram-se de repente na regra, na rotina."
"O que leva a que a população, no geral, já não veja com tão bons olhos assim a decisão de muitos trabalhadores. O que faz com que muita gente passe a encarar a greve com mais um benefício pré-definido de alguns trabalhadores, ou desculpa para a preguiça, ou outra treta qualquer. Afinal, se quase todos os dias há uma greve qualquer!!"
"E de repente, quem faz greve passa de bestial a besta, porque interrompe o bom desenvolvimento da comunidade / sociedade. E quem é que ganha com esta postura? A entidade que "sofre" das decisões dos seus trabalhadores grevistas, e que com jeitinho ainda se transforma numa "vítima das decisões dos sindicalistas"."

Estes são reações / exemplos que oiço de muita gente face às constantes notícias de greves, pré-avisos de greves, ou ameaças de sindicatos às greves. Independentemente da cor partidária de quem torce o nariz às paralisações de trabalhadores, o conceito é comum: a greve em demasia enjoa, não obtém os resultados teoricamente desejados e... só beneficia o trabalhador "vitimizado", que por tendência faz greve em dia junto a fim-de-semana... e luta por benefícios acima da realidade nacional.

Resolvi, por isso, pesquisar um pouco sobre as greves em Portugal, nas últimas semanas - e sobre as motivações para as mesmas. E confesso que fiquei também surpresa com a quantidade de greves que tem havido... e com o modus operandi dos trabalhadores aderentes à mesma. Por isso, permitam-me algumas sugestões:

Metro de Lisboa
Nas últimas semanas, greve a 24 de Fevereiro, 16 de Março, 18 de Março, 10 de Abril, 28 de Abril, e previsão para 19 e 26 de Maio.
Motivo? hummmm..... melhores condições salariais??? reforma antecipada??? não faço ideia
Modus operandi? Não há metro para ninguém. Portanto, quem pagou o passe... temos pena. Quem precisa de viagem avulso... temos pena também.
Sugestão? Deixarem as cancelas abertas. Quem quiser andar anda. Não precisa comprar bilhete avulso, ou preocupar-se com o passe - nesses dias não haverá fiscalização de bilhetes de transporte. Assim, a empresa teria de pagar os custos com a utilização dos comboios, manutenção dos mesmos, o dia de trabalho dos aderentes... e o consumidor final não seria prejudicado!


CP
Nas últimas semanas, greve a 2 de Abril, 3 de Abril, 5 de Abril, 6 de Abril e 16 de Abril
Motivo? Reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996 e, mais recentemente, contra a fusão com a REFER e o fim de regalias
Modus operandi? Não há comboios para ninguém. Portanto, quem pagou o passe... temos pena. Quem precisa de viagem avulso... temos pena também.
Sugestão? Deixarem as cancelas abertas. Quem quiser andar anda. Não precisa comprar bilhete avulso, ou preocupar-se com o passe - nesses dias não haverá fiscalização de bilhetes de transporte. Assim, a empresa teria de pagar os custos com a utilização dos comboios, manutenção dos mesmos, o dia de trabalho dos aderentes... e o consumidor final não seria prejudicado!


Carris /SCTP
Nas últimas semanas, greve a 10 de Abril, 22 de Abril e 11 de Maio
Motivo? Defender o serviço público e garantir maior segurança / motoristas
Modus operandi? Não há autocarros para ninguém. Portanto, quem pagou o passe... temos pena. Quem precisa de viagem avulso... temos pena também.
Sugestão? Abram as portas a quem quiser utilizar este transporte. Quem quiser andar anda. Não precisa comprar bilhete avulso, ou preocupar-se com o passe - nesses dias não haverá fiscalização de bilhetes de transporte. Assim, a empresa teria de pagar os custos com a utilização dos autocarros, manutenção dos mesmos, o dia de trabalho dos aderentes... e o consumidor final não seria prejudicado!


Contra ordenados (ou atualização dos mesmos) em atraso
Nas últimas semanas, greve a 30 de Abril, 1 de Maio, 4 de Maio e 7 de Maio, e previsão para 16 de Maio e 23 de Maio
Quem? Trabalhadores de hipermercados, jogadores do Beira-Mar, trabalhadores da Renault-Cacia ou do Parque Floresta, guardas prisionais
Modus operandi? manifestação à porta do local de trabalho, sob o patrocínio (velado) da SIC, TVI e Sindicatos da oposição
Sugestão? Jogadores do Beira-Mar, entrem em campo mas não se mexam - fiquem 90 minutos sentados no relvado. Trabalhadores de supers e hipermercados, não reponham ativamente material nas prateleiras (façam a reposição mmuuuuuuuiiiitto lentamente, um produto a cada 10 minutos, p.ex), pessoal das caixas demorem muuuuuuiiiiiiittto tempo a registar uma compra - será irritante para o consumidor, mas expliquem simpaticamente a vossa posição. Trabalhadores de outras empresas? Façam o mínimo.... mas não deixem de aparecer, de ligar a luz, usar a água, obrigar à segurança necessária. Assim, a empresa terá de pagar os custos com o dia de trabalho dos aderentes, com a manutenção do local de trabalho... e o consumidor final não sairá muuuiittto prejudicado.


ACT
Pela primeira vez nos últimos 20 anos, greve a 28 de Abril
Motivo? Falta de colaboradores / excesso de trabalho
Modus operandi? Manifestação na rua, sob o patrocínio (velado) da SIC, TVI e sindicatos da oposição
Sugestão? auditarem todas as entidades públicas. Obrigarem à paralisação das mesmas, por visita-surpresa e em plena hora de expediente (e idealmente às que têm atendimento ao público). Incomodaria o consumidor final... mas seria uma diversão e um fartote a partilhar!!!


TAP
Da última vez, greve de 1 a 10 de Maio
Motivo? .............................................................   huuuummm... 
Modus operandi? Cancelamento de cerca de 70% dos voos
Sugestão? A Easyjet, Ryanair, Iberia, Air France, British Airways e restantes companhias que sobrevoam a Europa, África e mais um bom par de países agradece a decisão dos pilotos da TAP. E sugerem que a greve passe a ser periódica, do género quinzenal. Só naquela de manterem a sua posição, "não desistam", "mostrem a vossa garra"! Enquanto o sindicatos dos pilotos da TAP luta por... qualquer coisa (não me lembro bem do quê, mas também não interessa assim tanto), as restantes companhias fazem "o sacrifício" de compensar as necessidades entretanto criadas aos viajantes da transportadora aérea.

Fora de brincadeira, como disse acima compreendo perfeitamente o motivo das greves. Não compreendo é, muitas vezes, a forma como as mesmas são feitas - ou a quantidade de vezes que são feitas. Lutem pelos vossos direitos, sim. Mas lutem com inteligência. E procurem sempre a forma mais inteligente de incomodar quem vos incomoda e leva à vossa decisão!

Fonteshttp://www.aeiou.pt/quiosque/search?s=grevehttp://www.dn.pt/Inicio/Tag.aspx?tag=greve

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O fim da Disney

Pelos anos 20 do século passado, Walt Disney criou um mundo de fantasia perfeito para meninos, meninas e adultos em idade, crianças em espírito. Aproveitou e desenvolveu o mito do “e viveram felizes para sempre”, adaptou contos e fábulas conhecidos mundialmente, fez sonhar meio mundo com a esperança de uma vida melhor, cor-de-rosa, cheia de purpurinas e sonhos. E venceu. A sorte de Walt Disney foi ter ampliado esta mentalidade em pleno século XX: se fosse nos dias atuais, já teria falido há muito!

A verdade é que as histórias que deram a glória à máquina Disney, se fossem actualizadas para os dias correntes, teriam muito provavelmente um desfecho diferente – ou, pelo menos, o sucesso seria muito mais brando do que há quase 100 anos atrás. Vejamos algumas dos clássicos mais explorados (e beneficiados) com a máquina Disney – e como os mesmos seriam contados se apresentados nos dias de hoje:

Cinderela
Sinopse: jovem acompanha o casamento do pai com uma mulher ambiciosa, mãe de 2 raparigas da sua idade. Esta vê na enteada uma possível ameaça e as suas filhas sentem inveja pela beleza da garota. Solução? Pô-la como responsável pelas lides domésticas (mas sempre com receio de alguma queixa por exploração infantil). Um dia, há uma festa na cidade onde um herdeiro procura uma nova conquista. Como o pai desapareceu da história (é o chamado abandono do lar), a madrasta resolve esquecer as agruras da vida e, com as filhas, vai “laurear a pevide”. 
A Cinderela arranja uns sapatos emprestados e vai também tentar engatar o herdeiro. Consegue o seu propósito – e ainda garante que o dito vá atrás dela, com prendas de cristal (pronto, não será a melhor hipótese, mas enfim!), e com uns sapatos Louboutin. Fogem os 2 para parte incerta.


Branca de Neve
Adolescente acompanha o casamento do pai com uma mulher ambiciosa (afinal, que trauma é este de Walt Disney com as mulheres independentes??), que procura manter a flor da juventude e ser tão bonita quanto a protagonista. Face ao complexo de Electra entre Branca de Neve e o pai, a madrasta revolta-se contra a sonsice de Branca, que acaba por fugir para casa de 7 homens estranhos. A madrasta, arrependida e preocupada com a enteada bonita perdida algures, procura-a e tenta-a convencer a voltar, usando mesmo uma certa chantagem emocional ou mesmo manipulação: oferece-lhe jóias e produtos de beleza, mas será quando a tenta persuadir com alimentação saudável que Branca de Neve finge adoecer. E só “acorda” quando um estranho passa por ela e, do nada, a beija. Fogem os 2 para parte incerta.

Pinóquio
Homem de já certa idade quer ser pai – ou, pelo menos, tomar conta de algum menino. Farta-se de implorar pela realização deste desejo a tudo o que seja anjos e santos e mães de santo, até que lhe aparece em casa um menino de origem africana (“castanho – com cor de madeira”, ‘tão a ver?) – que ele adota como sendo seu filho.
Exige ao petiz educação e rigor nos estudos, mas o pirralho revela-se hiperactivo (ou especial, uma “criança-indigo”) e balda-se às aulas, não respeitando as diretizes do pai - que tenta fazer dele uma marioneta, não ouvindo as necessidades e curiosidade da criança. Nos dias atuais, a Segurança Social receberia uma denúncia anónima e o puto iria para uma instituição de acolhimento temporário – ficando lá anos a fio até conhecer uma pandilha que o levasse para bem longe.

Capuchinho Vermelho
Adolescente resolve, sozinha, ir visitar a avó. Apesar dos avisos da mãe, vai pelas ruas mais desprotegidas, mesmo tendo em conta a possibilidade em cruzar-se com algum “lobo mau”. Ao passar por este, dá-lhe conversa e diz-lhe para onde irá, a que horas lá chegará, quem lá estará… O “lobo” percebe a mensagem e vai para a casa onde, supostamente, a miúda estará. Entra lá dentro e vê alguém deitado na cama. Acreditando que aquilo será um jogo, aproxima-se… e ante as perguntas aparentemente maliciosas que a mulher acamada lhe faz, ele vai respondendo…. tentando sempre manter a chama e a tentação: “os olhos são para te ver melhor”; “as mãos são para te tocarem melhor”; “a boca grande é para te comer melhor”. Quando a miúda chega a casa e depara-se com o flirt entre a avó e o lobo, corre despeitada a chamar o vizinho caçador. Que corre atrás do “animal” por este estar prestes a comer a avó…. Apesar desta ser um apetite seu há já alguns anos!

Rapunzel
Casal “engravida” de bebé que, desejam, será um filho varão.
Quando se apercebem que a criança é do sexo feminino, perdem a vontade de manter a gravidez e, ante a pouca facilidade num aborto, entregam a criança a uma senhora de alguma idade. Esta, encantada com a filha, oferece-lhe um duplex, com medo de a perder… e todos os dias enaltece a beleza da moça e os seus longos cabelos loiros, fortes e chamativos. Um dia, percebe que a outrora menina doce está à janela a engatar tudo o que seja homem…. Que, descaradamente, sobe ao quarto da miúda. A senhora tenta acabar com aquela pouca vergonha, chega a cortar os longos cabelos da “princesa”… mas a miúda acaba por fugir com um qualquer…. Para parte incerta.

O Livro da Selva
Bebé é abandonado na selva, e ninguém mais o procura. A National Geographic dedica 12 temporadas a acompanhar a sobrevivência e desenvolvimento desta criança, que se transforma num pequeno primitivo, habituado a subir a árvores como se fosse um primata e a conviver com outros animais. Um tigre, fugido de um circo (e, por isso, habituado a convivência com humanos), tenta levar a criança de regresso à realidade humana, impelindo-o a aproximar-se de uma aldeia. Mas nenhum humano mostra interesse pelo petiz… e a National Geographic rescinde o contrato com a TV Cabo e com o dono do circo, quando lhe aparece a oportunidade de filmar a vida de uma miúda que vive num barco em alto mar e que se intitula como a “Pequena Sereia”.


É um facto: a Disney só conseguiu o sucesso que tem por ter nascido e expandido numa época em que ainda se acreditava no “Pai Natal”. Se Walt Disney fosse hoje vivo e estivesse ainda no ativo, não poderia continuar a investir em temas como o abandono familiar, ou relações entre teenagers e estranhos, ou exploração infantil. Por isso, ou se dedicava a contos e histórias sobre greves e redes sociais… ou teria de procurar um futuro noutra área do faz-de-conta… como a política, por exemplo!


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Serviço público


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Às filhas nos anos 80, mães nos dias de hoje

Quando tu eras a filha, tinhas aulas de manhã ou de tarde, e no resto do tempo tinhas tempo para brincar, fazer os tpc, assistir ao início da RTP 2 para veres os desenhos animados importados da Europa, e mais um par de coisas… até os teus pais chegarem a casa.
Agora que és a mãe, os teus filhos têm aulas de manhã e de tarde, e ATL, e atividades extra-curriculares, e piano, e inglês ou mandarim (ou os 2)…. Até tu os conseguires levar para casa.

Quando tu eras a filha, bastava “aquele” olhar da tua mãe para tu voltares a fingir seres um anjinho.
Agora que és a mãe, já não consegues “só” olhar para os teus filhos, porque eles não vão ligar nenhuma. Tens de olhar, ameaçar, levantar a voz (assertivamente, defendes-te tu), negociar… para que os teus filhos finjam ser um anjinho.

Quando tu eras a filha, não tinhas confiança suficiente com os teus pais para lhes responder “à letra”, nem fazer perguntas incómodas… tudo por uma questão de respeito (ou medo de alguma mão mais pesada).
Agora que és a mãe, não ordenas nada aos teus filhos – quanto muito argumentas, justificas, imploras. E questionas-te onde está o respeito que tu tanto sentias pelos teus pais e que não consegues ver nas tuas crias.

Quando tu eras a filha, assistias a desenhos animados que eram uma autêntica chantagem emocional: era o Marco que tinha visto a mãe a partir, a Heidi que tinha ficado a viver numa montanha, isolada e sem notícias da mãe, a Candy Candy feita gata borralheira….  E mesmo inconscientemente tu imaginavas que, se o destino quisesse, tu poderias também ficar sem a tua mãe.
Agora que és a mãe, percebes que os teus filhos assistem a desenhos animados em que pura e simplesmente já não há qualquer referência à figura materna. É o caso do Jake e os Piratas da Terra do Nunca, ou os Caricas, ou a Casa do Mickey Mouse – tudo grupos de amigos, auto-suficientes, que não têm como temer a ausência da mãe – como?, se o que não existe não pode causar saudade?

Quando tu eras a filha, conhecias toda a vizinhança do prédio, da rua e do bairro – e eras naturalmente conhecida “como a filha de…” O que levava a que os teus pais tivessem uma série de cúmplices na tua educação e controle.
Agora que és a mãe, nem tu conheces a vizinha do lado!, quanto mais? Como é que podes confiar que a tua filha possa ter a chave de casa e brincar na rua com a amiguinha do prédio ao lado - cujos familiares tu conheces muito vagamente, e só se for em ambiente de reunião escolar?

Quando tu eras a filha, ansiavas pelo teu aniversário ou pelo Natal ou pela passagem de ano para ver se tinhas direito a uma prenda. E estava bom! Ah, também não era mau quando revias a tua madrinha ou quando visitavas os teus avós, com sorte recebias uma nota de 20 escudos à socapa… que tu guardavas religiosamente no mealheiro.
Agora que és a mãe, sentes-te pressionada pelos teus filhos e sociedade e vizinhos e outras mães para comprar prendas e gadgets e programas de fins-de-semana (como idas ao lanche no shopping + cinema + jantar) a torto e a direito. E ainda comemoras se, do plafond diário que tens para gastos com as crias, consegues uma poupança de 20 cêntimos… que tu guardas religiosamente (até à próxima vez).

Quando tu eras a filha, a tua mãe chamava-te a atenção para tu agires como uma senhorinha. E para respeitares os mais velhos, a professora, e ai de ti que pensasses sequer nalguma palavra feia, quanto mais dizê-la!
Agora que és a mãe, chamas a atenção da tua filha para, aos 8 anos, não agir tanto como uma senhorinha (unhas pintadas? Kit de maquilhagem para os anos??). E exiges aos outros que respeitem a tua filha (já o contrário…), e desculpas a sua má educação e prepotência pela possível hiperatividade… ou porque a criança "tem de mostrar a sua personalidade, é uma questão de liberdade" (eu dou-lhe a liberdade!).

Quando tu eras a filha, a tua mãe educava-te como sabia – e imaginava ser o melhor. E tu obedecias, e não ficavas traumatizada se levavas com algum berro, ou puxão de orelhas, ou fim-de-semana sem um bolo, ou uma palmada “no momento certo”. E ninguém ficava melindrado nem se abriam telejornais a falar dos traumas para a vida.
Agora que és a mãe, levas a toda a hora com manuais de instruções sobre como educar os teus filhos. Ou alimentá-los. Ou vesti-los. Ou “amá-los” (really??). E tu tentas obedecer, para que eles “não fiquem traumatizados” – ou não te apontem o dedo por, se daqui por uns anos algum dos agora miúdos fizer uma asneira, tal decisão não tiver sido fruto de um ou outro raspanete que te atreveste a dar-lhes, aos 4 anos, após a birra no supermercado devido a um qualquer Lego ou Nancy.


Mas independentemente de algumas "falhas" na educação que a tua mãe possa ter tido – e que tu possas ter, também.. Lembra-te: és a mãe. És quem testa neles os princípios que desejas que eles tenham e sigam. És quem abdica de alguns momentos em prol da sua existência. És quem mais sorri pela evolução dos teus infantes, e mais sofre por algum tropeço dado ao longo da vida. Por muitos defeitos que tenhas, és tu que vais servir de exemplo, de companhia, de ombro, de motivação. Por isso, aproveita o teu dia. Celebrado ontem, festejado sempre que recebes um mimo ou uma atenção dos teus filhos.

És, afinal, a razão de ser de todos nós, filhos. Um feliz dia para ti, mãe!

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Qual a quantidade de estupidez para poder trabalhar?

É um dos maiores objetivos da sociedade (dita moderna, ocidental, evoluída, chamem-lhe o que quiserem) igualar as condições de trabalho de ambos os géneros, diminuindo a diferença e a discriminação, e permitindo a todos os trabalhadores (independentemente do sexo, função, ou local de trabalho) a mesma oportunidade e respeito.

Cá pelo nosso país, a coisa também tem sofrido a sua evolução. Quando eu comecei no mercado de trabalho, quem p.ex tivesse mais de 35 anos estava já completamente afastado da oportunidade de se candidatar a um emprego. Mas hoje em dia, além de ser ilegal colocar num anúncio algo como “só são considerados candidatos até 35 anos de idade”, as empresas já reconhecem (pelo menos em teoria) que ter 35 anos, ou 28 ou 47 pode ser insignificante, quando o que se procura é conhecimento, experiência, talento, maturidade e motivação.

Mas pelo nosso país também, toda a teoria à volta desta evolução é muito defendida - e de uma forma muito bonita - mas nem sempre devidamente praticada. Somos um povo de poetas, de fados, de descobertas e aventuras. E em pleno século XXI continuamos a inventar, descobrir e utilizar palavras bonitas para atos que nunca iremos fazer. Sendo que no mercado de trabalho a coisa não será diferente.

Para quem é do sexo feminino, então as parvoíces e estupidezes que se ouvem no local de trabalho (ou na entrevista para entrar no mesmo) são ainda mais gritantes:

A nível familiar
- tem 25 anos? E já tem namorado? (o que é que isso interessa??)
- tem 25 anos? Ah, e vive com o namorado…. Mas não está a pensar ter filhos, pois não? Pelo menos para já… (não, à partida ainda demora 9 meses até a criança nascer!)
- Então e está a pensar ter filhos nos próximos anos? (se calhar quer-se candidatar a padrinho..)
- vai casar em Fevereiro do próximo ano?? Eh pah… não calha nada bem.. (desculpe; se voltar a planear um casamento peço-lhe primeiro opinião)

A nível de vencimento
- quer um aumento? Sabe quantos desempregados aceitariam vir agora para aqui, por menos 100 ou 200 euros? (e sabe quantos desses desempregados aceitariam estar no seu lugar de chefinho, por menos 100 ou 200 euros, e ser muito mais líder do que chefe?)
- quer um aumento? Não acha essa questão quase insultuosa, nos dias que correm? (de fato, estive quase para “elogiar a sua mãezinha”, mas depois pensei que esta minha pergunta fizesse maior efeito)
- o máximo que lhe posso oferecer é 550€ brutos. O que, convenhamos, dá para pagar a sua renda de casa. É casada, não é? Então o seu marido que pague o resto das contas (ena, obrigada!, estava mesmo a precisar de um consultor financeiro!)

A nível de férias e ausências 
- o seu filho tem de ir ao médico? Outra vez? Mau…. (pois, o que é mau é o puto estar doente, isso que é)
- chegou mais tarde porque teve de ir outra vez ao médico? Então mas agora vai quantas vezes ao médico? (não faço ideia do recorde, mas posso informar-me)
- precisa de tirar um dia de férias para tratar de uns assuntos pessoais? Então e não pode pedir a alguém para tratar disso por si? (pois, mas se são assuntos pessoais)
- não pode fazer mais horas extraordinárias??! Então mas afinal faz parte da equipa ou não? ... Andamos aqui todos a fazer sacrifícios pela empresa, e da sua parte só ouvimos nãos!! Já vi que você não veste a camisola! (ó meu caro amigo, se queres dar opinião sobre a minha roupa pagas-me subsídio para vestes, ok??)

Estes são apenas alguns dos muito poucos exemplos que ocorrem diariamente. Já para não falar do assédio sexual, moral ou bullying pela formação que se tem (ou religião ou outro motivo qualquer para causar desconforto).





Mas ter de provar que se amamenta, espremendo a mama – como foi noticiado nos últimos dias acontecer num centro hospitalar do Porto – isso é que bate todas as estupidezes ouvidas nos últimos tempos no local de trabalho.

Ao “responsável” que teve esta brilhante (ou pérfida ou tarada) ideia, sugiro-lhe que, dentro da mesma linha de “desculpas” que considera como utilizadas pelas mulheres que trabalham na sua empresa, da próxima vez que uma das suas colaboradoras lhe comunicar que está grávida, agende com ela a ida ao ginecologista, para ouvir os batimentos cardíacos; e quando chegar à altura do parto, faça o senhor (ou senhora!) o toque para garantir que a colaboradora está realmente já com uns dedos de dilatação.


Assim, se a sua mente for apenas pervertida, mata algum fetiche que o atormenta; se for mesmo mania da perseguição ou algum trauma mal resolvido, pelo menos sempre acompanha o nascimento de alguém mais evoluído que a sua pessoa.

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Sobre haters, likes e rebanhos

Anda por aí muita gente, grupo, comunidade e seita que se dedica quase em exclusivo a estudar quem seguir – e quem criticar. Não aquela crítica mais pró infantil ou invejosa, que vem dos tempos da primária (a “Maria” está mais gorda, não fales com ele que ele não lava os pés, a outra foi encornada e é bem feita para não ter a mania…). Refiro-me à crítica relativa à necessidade de carneirada e aos que, pasme-se, resolvem não a seguir.


Naturalmente que tudo é moda, tudo é passageiro, e que gostos não se discutem… mas o que é cada vez mais óbvio é vermos como há tanta gente que segue forçosamente um caminho – e odeia os que ousam não ir atrás deles. Nesse aspeto o Facebook e os blogs são pródigos a alimentar os haters dos que não são carneiros, dos que se atrevem a seguir outros gostos ou modas, dos que têm a audácia de querer seguir outras carneiradas que não a sua.

- É o caso dos vegans (uhhhh, sou tão mais in por não comer derivados de animais!!) que odeiam tudo o que seja posts e likes sobre hamburguerias – e o oposto também acontece;

- É o caso dos que passam férias no Algarve (uuhhh, sou tão mais in por apoiar a economia local em exclusivo) que repudiam quem escolha – e possa – ir até ao Brasil ou Caraíbas – e o oposto também acontece;

- São as mães a tempo inteiro (uuhhh, que eu é que gosto dos meus filhos por estar em casa com eles 24/7!) que odeiam as que atualizam o seu status devido a uma qualquer promoção laboral – e o oposto também acontece;

- São os fanáticos de cinema (uuhhhh, que eu é que sou um autêntico intelectual!) que repugnam quem desconhece a filmografia completa de Klaus Kinski – e o oposto também acontece;

- Etc etc


E depois, há também aquelas correntes de posts e reportagens e notícias com o objetivo de manipularem as ideias dos que ainda não se converteram à sua opinião – ou seita. Numa coincidência estranhíssima, e sem que nada o faça prever, mil e um sites (ou redes sociais) desatam a partilhar (com um marketing demasiado agressivo para passar despercebido) comentários ou temas ou eventos dedicados a:

- 7 razões para o seu filho brincar descalço na rua, ao nascer do sol
- alimentos amarelos que desintoxicam o organismo em menos de 18h
- como visualizar a sua própria aura em 5 passos
- 32 livros indonésios que deve ler até ao final do mês
- Cultura vintage – você está in ou out?

E ai de quem não apoiar fervorosamente estas causas ou gritar um “basta!” contra, p.ex., todos os que preferem mais os alimentos vermelhos, ou os que nem acham assim taaaanta piada aos tascos gourmet que vendem 4gr de carne ao preço de 1kg da melhor vazia, só porque tem as ementas escritas numa ardósia fingida e pregada no meio de uma parede mal estucada “para dar aquele aspeto de construção envelhecida”.

O melhor de tudo é que, se nos atrevemos a colocar um like num post destes (porque até achámos piada, ou porque até nos identificámos com a escrita do autor), os algoritmos do Facebook e do Google reorganizam-se de tal forma que passamos a receber, diariamente, inúmeras propostas de páginas e autores similares, como se a nossa vida se resumisse àquele clicar de botão, singelo e inocente. Assim como se, por acaso, até indicamos que vamos ao “13º Encontro dos visitantes de tascas que servem aguardente no Baixo Alentejo”, é um ver se te avias até recebermos mil e uma mensagens dos membros do “Água é para beber, Álcool é para morrer”, indignados com a nossa “escolha” para o fim-de-semana e para a vida!

Sim, grupos sempre houve e sempre vai haver. Seitas idem idem, rebanhos aspas aspas. Mas o que agora há, também, é uma promoção cada vez mais exaustiva do “se não estás comigo, estás contra mim”, das “ideologias diferentes e alternativas”, que no fundo querem é ser seguidas por todos. Para que as suas ideias sejam defendidas pelo maior número de pessoas possível (uma questão de insegurança, portanto), e para que o diferente fique igual ao resto que já existe.

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