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Estou "de férias"! Hurray!

Quem é mãe e pai a tempo inteiro, e passa o ano todo sempre com os filhos a cargo (mais gatos, que também são uma espécie de filhos dada a quantidade de ralhetes e cuidados que levam por dia!), sabe o doce que é quando chegam aqueles dias / semanas em que os pequenos vão de férias com o outro progenitor, ou com um familiar, ou amigos... e nos dão férias da parentalidade.


Não me interpretem mal: eu gosto, adoro os meus filhos, estar com eles (mesmo sem fazer nada por aí além), passear com eles, vê-los diariamente a crescer e a aprender. Mas há que reconhecer: além do stress constante com a vida que levamos, nos dias que correm um adulto para 2 crianças não é fácil.

Para quem não vive este tipo de realidades, imaginem o que é, diariamente:
- acordar às 6 e picos
- preparar-me para mais um dia, alimentar a gataria, dar um jeito aqui ou acolá ou apanhar a roupa ou estender a mesma, ou preparar lancheiras, ou trocar a roupa porque entretanto começou a chover e ontem a meteorologia tinha prometido um calor digno de calções e sandálias
- acordar os garotos uma, duas, cinco vezes, subir o tom de voz à medida que se vai servindo de alarme, fazê-los levantar estremunhados, lavarem-se, vestirem-se, fazerem a cama (vitória conseguida no último ano, que dantes esta era também minha "responsabilidade"), dirigirem-se à cozinha para se alimentarem, ouvindo uma invariável queixa porque "hoje queria nestum, afinal era estrelitas, e porque é não pode ser sumo com bolachas de chocolate?...."
- explicar diária e constantemente a necessidade de lavar os dentes. E de lavar a cara, e as mãos. E de pentear. E de porque é que, estando a chover lá fora, se calhar não será assim tão boa ideia calçar as sandálias ou chinelos de praia 
- ouvir as birras matinais, assistir às primeiras lutas entre irmãos "porque tu abriste a porta de casa, eu é que abro a da rua!! Chega-te pra lá! Empurraste-me! Tu comeste mais do que eu! Tu não cantas essa música! Não é assim que se dança! Ó mãe, ele está a chatear-me! Ó mããe, ela está a irritar-me! Ó mãããe, diz-lhe pra se calar! Ó mããããe, ela não sai da frente" - e ainda assim tentar abster-me destas discussões e argumentações, pois já se sabe que quem ficará a perder sou eu, que acabo por me irritar e eles, mal chegam à rua, já estão alegremente a conversar e a brincar, enquanto eu tento repor a saturação do sistema nervoso e o nível de volume de voz
- enfiá-los no carro, garantir que não ficou nada esquecido em casa, deixá-los na escola, beijinho de um bom dia, esperar que passem o portão, seguir para o trabalho, enfrentar a IC19, trabalhar durante pelo menos 8 ou 9 horas, aproveitar a hora de almoço para despachar assuntos pessoais, ao fim do dia regressar novamente à escola (enfrentando novamente a IC19), ouvir recados dos coleguinhas / monitores / professores, beijinho de olá, voltar para casa
- passar pelo supermercado ou qualquer outra loja (há sempre uma compra de última hora, seja o pão que acabou ou um estojo porque o fecho do outro foi à vida)
- chegar a casa, alimentar a gataria, preparar o jantar, pedir-lhes para irem para o banho, perguntar pelos TPC, dar-lhes algo para trincarem até o jantar estar pronto, mandá-los tomar banho, perguntar porque é que, enquanto um toma banho, o outro não se despacha a fazer os trabalhos, gritar-lhes para que se enfiem na banheira, explicar-lhes pela enésima vez que a roupa, deixada no chão, não tem a capacidade de, sozinha, se dirigir ao cesto da roupa suja, ir acudir o outro que está demasiado cansado para fazer os TPC, desligar a televisão (que, curiosamente se ligou "sozinha" e foi logo para o canal dos desenhos animados), voltar a lembrar ao que está de lápis na mão que, provavelmente lendo toda a pergunta conseguirá descobrir qual a resposta a dar, garantir que o banho é devidamente tomado e não fica meio quilo de champô agarrado ao cabelo, e depois que a criançada toma o papel inverso do irmão (o que acaba de tomar banho vai fazer os trabalhos, e vice-versa)
- dar-lhes o jantar (confesso que muitas vezes o meu jantar é depenicado, não sentado e descansado, não há tempo para esses luxos), limpar, arrumar, engomar, estender, tapar, secar, levantar, borrifar, despejar
- estar com eles entre jantar e deitar, para os ouvir, brincar com eles, usufruir da sua companhia em pleno, e poder também pausar um pouco
- depois de os deitar e aconchegar, mais uma ronda pelos afazeres, falar com família e amigos (por telefone, por mail, por face, por sms, qualquer coisa conta), verificar compromissos e roupa e consultas e reuniões para o dia seguinte
- e quando, pelas 23h horas mais coisa menos coisa, me sentar no sofá, é para fazer um zapping automático, parar na fox life, estagnar a visão na luz do ecrán da televisão.... e acordar cerca de meia hora mais tarde, com um dos gatos em cima de mim e um dos pés dormentes, de tal forma que o arrastar para a cama se torna de certa forma agoniante.



Isto durante todo o ano. Mais as reuniões na escola, as consultas médicas, o levá-los a festas e atividades, compromissos mil.

E à medida que o ano avança (para mim o ano novo é em setembro), e o cansaço se apodera, custa cada vez mais.

Por isso é que, chegando a Julho, saber que eles ficarão bem e irão passear um pouco e conhecer novos locais e pessoas, e ficarão entregues a outra pessoa.... me sabe a férias. Continuo a ter de respeitar o horário de trabalho (daqui, as férias só serão quando eles regressarem a casa, para podermos ter umas semanas a três, sem grandes horários a cumprir), mas ficar isenta de parte da rotina / stress diário.... é uma paz inigualável!


Aos meus petizes, muito boas férias. Divirtam-se muito - prometo que, durante esses dias, também eu irei descansar!

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