Nascida em 1975, tu percebes que chegaste, pelo menos, a um terço da tua vida (há quem aponte para meio da viagem, mas eu faço questão de acreditar que os meus genes – e exemplos de avós e bisavós – me irão permitir passar a barreira dos 100 na boa!). E que, tal como tem vindo a acontecer nos últimos anos,
- já não ligas às
notícias. Fartaste-te de ouvir desgraças, crises, homicídios, informações
pessimistas e derrotistas… e estejas um dia ou uma semana sem assistires ao
telejornal ou só às gordas dos jornais, o mundo não deixará de girar, e haverá
sempre alguém que te pergunta, meio chocado meio sedento de sangue “ouviste
aquela notícia do outro que matou não sei quem?”, acabando por te por ao corrente
do que se passa na atualidade
- já não gastas horas
a ver televisão. Além da mesma ser monopolizada pelos garotos, quando tu
finalmente consegues uns minutos para te sentares em frente à dita, ou estás
tão cansada que adormeces, ou está a passar pela enésima vez a 7ª temporada da
Anatomia de Grey ou um qualquer filme dos anos 90… que tu já viste aí umas 3 ou
4 vezes, no mínimo
- percebes que a tua
mente ainda é uma quase teenager, mas o corpo começa a revelar algum cansaço.
Aquela ruga feita pela almofada, durante a noite? Continua firme e esplendorosa
mesmo depois de almoço. Apanhar algo caído no chão? É levantado sempre com um “uuugghh”,
ainda que sussurrado. Noitadas em que te deitas às 4 ou 5 da madrugada?
Terminam sempre com o teu acordar às 8 da manhã, no máximo, e um cansaço pior
que ressaca (mesmo que não toques numa única gota de álcool)
- viraste as costas a “medos”
de antigamente, e já não te importas com a opinião dos terceiros. Seja sobre a
forma como educas, como foste educada, o que tens ou deverias ter recusado… Já não
tens pachorra (ou “necessidade”) para engolir tantos sapos. Ou para evitares dar uma
opinião que, sabes, será polémica. Afinal, quem não gosta come menos!
- sentes-te feliz e com um toque de vaidade quando ainda te tratam por "menina", as pessoas à tua volta te tratam por "tu", e manténs no teu círculo de amizades pessoas de todas as idades (apesar de ficares um pouco atónita por algumas dessas pessoas terem idade para ser teus filhos - e não me refiro aos coleguinhas das tuas crias!).
- já não queres saber
se encontras o príncipe encantado, ou se/quando é que a tua relação vai acabar.
É para aproveitar o momento: se conheceres alguém que te faça feliz, ainda que
por um dia (ou noite), aproveita; se as coisas mudarem ou acabarem – chora-se
um pouco, enxugam-se as lágrimas e segue-se em frente com um sorriso na cara!
- ficas sempre
estupefacta quando fazes contas sobre aquela música ou série ou nascimento que
aconteceu em 2005, pra aí (parece que foi ontem!)… e afinal foi há uma década! “Como
é que é possível??”. Compreendes finalmente (e lamentas) a expressão que o teu
pai tanto dizia, quando eras miúda, em que o tempo passa cada vez mais rápido. O
que na altura te parecia um absurdo – agora reconheces como uma verdade
absoluta.
- já fizeste as pazes
com o teu corpo. Seja ele mais pró anorético, musculado ou redondo.. é o teu
corpo. Podes sempre tentar corrigi-lo um pouco (mas sem fanatismos, essas
maluquices ficaram fechadas na passagem para os 30), e aprendes a valorizar o
que de melhor tens.
- por muito que tenhas
quase 40, continuas a imaginar-te (e a vestir-te e a comportar-te) como tendo
30 (e ainda bem!). Para ti, uma mulher de 40 terá sempre a aparência que tinha
quando ainda não sabias ler nem escrever, com o cabelo curto ou cheio de laca,
e a usar saias travadas pelo joelho. E acabas por culpar a música do Paco Bandeira (sobre a "ternura dos quarenta"),
que te vem sempre à cabeça e por lá fica a tocar durante o resto do dia – ou da
semana.
- já não stressas ou
sobrevalorizas os receios que também tiveste aos 30, quando eras uma recém-mãe.
Caiu? Levanta-se, lava-se a ferida e siga. Vai acampar? Que se divirta e aproveite
a experiência. Vai dormir a casa de um amiguinho? Que se divirta e aproveite a
experiência... mas se houver uma (uminha!) queixa que seja por parte da outra
mãe, terá um problema! Vai mudar de escola? Vai conhecer novos amigos. Começou
a chover e foi de calções para a escola? Não há-de morrer por causa disso. Faz
birra porque é o único da sala que não tem telemóvel? Temos pena. Não quer
comer o peixe? Não come, não há-de morrer de fome (também não há-de comer sobremesa
ou um qualquer snack, mas isso será um problema que ele terá de resolver com a
sua própria gula).
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