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Como mudar um pneu

Tirei a carta em 94 e, nestes anos todos:

- só por uma vez tive um acidente (em que foi a outra que veio literalmente para cima do meu carro porque, disse em tribunal, tinha o carro cheio de copos de cristal e, para não passar por cima de uma lomba, deu-lhe "mais jeito" ir para a outra faixa)

- só por uma vez tive uma multa por excesso de velocidade (em pleno Ribatejo, naquelas aldeias de 3 casas onde é proibído ir a mais de 50km/h, eu carreguei no acelerador até aos 74 km/h e a GNR "convidou-me" a contribuir com 10 contos, na altura)

- levo o carro à oficina sempre que o mesmo "apita", a lembrar a revisão a cada 15.000 km

- levei o carro anterior à inspecção no limite da data - mas nunca a ultrapassando - e nunca tendo uma pequena observação que impedisse a sua nota positiva

mas nunca consegui mudar um pneu!
É verdade. Realidade muito feminina, a roçar o cliché das mulheres para quem o carro é uma viatura que necessita apenas de combustível para andar e de um porta-bagagens para colocar as compras... e eu faço parte deste grupo.





A primeira vez que precisei de o fazer ignorei o feito:

Ia da Damaia ao Continente da Amadora, fazer as compras da semana. Normalmente, sem grandes pressas (que o trânsito também não o permitia), mas a notar que muitos carros que vinham atrás de mim faziam sinais de luzes, outros gesticulavam - e eu, que nesse dia até me sentia um pouco mole (era Verão), lá pensava "passa por cima, se quiseres" ou "será que tenho alguma porta do carro aberta? Tou quase a chegar, a ver se não me esqueço de verificar". E só quando estava a chegar ao parque de estacionamento é que um outro automobilista se pôs ao lado do meu renault e gritou "minha senhora, desde os cabos d'ávila que lhe estou a tentar dizer que tem um pneu furado!".

A minha reacção? Agradeci timidamente, e pensei "bem, agora que estou a chegar posso fazer as compras normalmente, e também como daqui a casa são poucos kms, quando lá chegar peço ao meu pai para mudar". Resultado? O regresso foi bem mais demorado, com os 4 piscas ligados, e as pessoas a olharem para mim com ar surpreendido, chegando uma velhota a gritar "ai filha que estragas o carro todo!". Escusado será dizer que levei um sermão do meu pai (ele era o dono do carro, nem que fosse por isso) e nesse dia pensei para os meus botões "tenho de aprender a mudar um pneu".

Isto foi mais ou menos em 98.


A segunda vez que precisei de mudar o pneu foi há uns meses atrás:

Ia a caminho da praia, 38ºC na rua, com os 2 pequenitos no banco de trás desesperados por uma brincadeira na água. Ao sairmos de casa, o puto pergunta - ó mãe, esqueceste-te do protector? Ao que eu respondi "olha, passamos pelo jumbo e aproveito e compro, além do protector, mais umas coisitas". Só que, ao regressarmos ao carro para nos dirigirmos para a tão desejada praia, senti que o carro não estava a desenvolver como devia: "Raios (pensei), está mesmo a precisar de uma revisão". Abri as janelas de trás para entrar mais vento (para ajudar a refrescar) e comecei a ouvir um som estranho, ao que pensei "que engraçado, nunca reparei como o barulho do carro, vindo de trás, é tão diferente!". E foi já a chegar à marginal que um motociclista passou por mim e gritou "o pneu de trás está embaixo!"

Encostei o carro, saí do mesmo, tirei a roda suplente, a chave de segurança, o macaco, e quando tentei colocar este pensei "e agora, onde é que eu ponho isto?" 5 minutos depois, já com uma gritaria dentro do carro e com as mãos pretas de sujidade (mas sem ter feito nada, ainda) lembrei-me do ACP (já que sou sócia...). Liguei-lhes, e eles informaram-me que a assistência viria... no espaço de 30/ 40 minutos. Mas nem 30, nem 40 nem 1 hora depois!! Voltei a ligar (a pensar "tu queres ver que ainda fico sem saldo e/ou sem bateria?"), e a menina do call-center informou-me, muito simpaticamente, que tinha havido um engano interno, logo eu deveria esperar pelo menos mais meia hora.

Resultado? Arrumei a tralha toda de substituição, entrei para o carro, e fomos todos a gritar (eles porque queriam a praia, eu para os tentar calar) a 10km/h até Caxias, para tentar encostar o carro e ir pedir auxílio. Encostei perto de um restaurante, e fui já toda irritada pedir ajuda aos empregados do mesmo - que me disseram mmuuuiiittooo caallmmameeente que teriam todo o gosto em me ajudar... quando acabassem de almoçar (às 18h, e eles a comerem uma bela de uma mousse)

Regressei então ao carro, tirei novamente toda a tralha de substituição, e com os pequenos já ao meu lado colocámo-nos os 3 no meio da estrada (eu com o macaco na mão) a ver quem parava para ajudar "a donzela".

Só ao fim de uns largos minutos, quando uns marmanjos lá me vieram acudir e conseguiram mudar o pneu (também ao início não sabiam onde colocar o macaco), é que apareceu um dos empregados do restaurante, a perguntar "então ainda precisa de ajuda?". Tive quase vontade em lhe dizer "eh pá, a sua mousse devia ter espinhas!!" mas contive-me. Afinal, aparecera!

Eram quase 19h quando o carro ficou novamente operacional. Praia, claro ficou adiada. E, já a chegar a casa (com tudo amuado, dentro do carro), é que me ligam: "boa tarde, fala do reboque! Não estou a encontrar o seu carro, aqui ao pé dos semáforos da cruz quebrada. Pode por favor confirmar a matrícula?"



Vou ter mesmo de tirar uma tarde para praticar a mudança de pneus!

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