Gosto muito mais de
observar, de ouvir, de escrever até. Obviamente que, volta e meia, solto a
gralha que há dentro de mim, mas ainda assim as palavras soam-me e saem-me
melhor quando escritas, em vez de ditas. Talvez uma certa insegurança em dizer
sem poder apagar ou retocar de imediato, se necessário.
Por exemplo, numa
relação sou muito mais de mostrar ou tocar do que dizer. Não sou de fazer juras e
declarações de amor ao fim de poucos dias, ou mesmo semanas. Há quem me
considere um pouco fria: talvez. Mas dizer só para ser ou parecer bonito, não
me apraz. E também não gosto de ouvir juras ou declarações de amor ao fim de
poucos dias ou semanas. Assusta-me, deixa-me de pé atrás, cheira-me a exagero,
a esturro. Mais uma vez, posso ser fria com esta atitude. Talvez. Mas tanto
facilitismo nas palavras / no sentimento faz-me ponderar na verdade do mesmo.
Acho um desperdício o
dinheiro gasto em flores. Seja num funeral (detesto o culto dos funerais!),
seja numa relação. Aliás, diz-me a experiência que as flores, num relacionamento,
servem como um pedido de desculpas barato, ou uma tentativa preguiçosa de
apelar à conciliação… E são algo que murcha, ao fim de poucos dias – exatamente
o oposto do que deve acontecer para quem quer ter e assegurar uma relação.
Talvez seja um exagero. Mas até prova em contrário, é a minha postura face aos
arranjos florais.
Sou de poucos gastos.
Por ter de estudar ao pormenor o que posso ou não gastar e ter sido criada em
clima de poupança extrema (porque não havia outra hipótese), considero um
exagero o que se gasta em gadgets, telemóveis, acessórios… podendo ter
praticamente o mesmo a preços muito mais acessíveis. Acho obsceno tanta gente
ter de se valer do que gasta a comprar algo; considero ridículo quem invista num iphone
e, logo de seguida, se queixe do ordenado que não chega aos 900 euros mensais;
vejo quase que como uma afronta o preço que se atribui a determinado automóvel ou par de
sapatos. Talvez seja um pouco forreta. Mas apesar desta minha característica à
conta da magra carteira, sou completamente contra aquelas correntes de “abaixo
o ordenado do político A ou apresentador B, eles deviam era ter o ordenado
mínimo para verem como as coisas são”. Se eles recebem 5000 ou 6000 por mês,
ótimo: que se consiga subir a média do vencimento de todos para essa fasquia, e
não o contrário.
Sou a favor de filhos
de asas abertas. Que queiram e gostem de andar e brincar na rua, passear, conhecer, ver, explorar. Que não tenham
medo de dormir fora de casa, que experimentem sabores novos, que pesquisem e
procurem saber mais de outras culturas. Comigo ou sem mim, com os amigos, com os
escoteiros, com a escola. Que respeitem, se dêem ao respeito e se façam
respeitar. Tento educar tendo por base sempre o bom senso (e a educação que os
meus pais me deram), fugindo às novas teorias e ultramedos da sociedade atual.
Talvez seja um pouco despreocupada… mas até agora o resultado tem sido
francamente positivo.
Sou pelo copo meio
cheio. Cansei de derrotistas, “vítimas” da sociedade, queixosos e queixinhas.
Aprendi a ver o lado bom de tudo, a ter um espírito positivo, a saber
aproveitar o pouco ou muito que se possa ter e conquistar. Já não ligo nem tenho paciência
para quem se queixa… e nada faz para mudar. Ou quem reclama de barriga cheia.
Ou quem rabuja, mas continua com a atitude de conformado. Talvez seja um pouco
intolerante face aos ais e lamentos, mas a vida tem-me revelado que, por norma,
quem mais se chora é quem menos faz por não ter lágrimas para mostrar.